Comércio Justo cresce 15% ao ano e cria novas oportunidades de negócio

Produtos agrícolas oferecidos neste mercado têm grande apelo nos EUA e EuropaA comercialização internacional de produtos com selo do Comércio Justo cresceu 15% em 2009 em relação ao ano anterior. Foram aproximadamente 27 mil produtos vendidos em mais de 70 países, gerando uma movimentação financeira de 3,4 bilhões de euros. Os dados foram divulgados durante o Seminário Comércio Justo, realizado na Feira do Empreendedor 2010 de Minas Gerais, em Belo Horizonte, no início de setembro.

O Comércio Justo é baseado em princípios como o respeito ao meio ambiente, à legislação trabalhista, transparência na gestão e ao rígido controle de qualidade do produto.

Atualmente são mais de 20 categorias de produtos oferecidos neste mercado, entre eles a banana, o açúcar, o cacau, o suco, o artesanato, as frutas secas e o café, que hoje tem o preço mais atrativo neste segmento de mercado. Em 2009 os itens que mais cresceram em demanda foram as ervas especiais, sucos de frutas e açúcar de cana.

No ano passado eram 827 produtores e trabalhadores certificados com o selo Fair Trade. Os principais mercados mundiais são o Reino Unido, seguido pelos Estados Unidos, França e Alemanha.

Conscientização

A demanda interna por produtos certificados FairTrade é ainda baixa no Brasil. A produção é voltada quase que exclusivamente para a exportação, que ainda é pouco representativa. Somente 0,13% do café e 0,56% do suco de laranja comercializados fora do Brasil são certificados em Comércio Justo.

? O Brasil tem potencial, mas falta uma parceria com o mercado externo e com instituições financeiras, além da articulação de algumas entidades para trabalhar a conscientização do consumidor sobre o produto ? afirma o consultor em sustentabilidade, Beat Gruninger.

De acordo com Gruninger, o produtor deve ficar atento ao perfil do consumidor deste segmento, dominado por mulheres entre 25 e 55 anos, de classe média alta e interessadas em assuntos ambientais e na qualidade de vida.

? O produto deve ser diferenciado e sofisticado para agradar este novo consumidor. Ninguém compra por pena ? comenta o consultor.

Em Minas Gerais, o café ainda é o produto mais oferecido no Comércio Justo. No sul do Estado, 10 grupos de 20 cidades já comercializam 90% da safra pelo Comércio Justo. O Sebrae Minas apóia os cafeicultores do Sul e da Zona da Mata mineira. O projeto beneficia cerca de 500 produtores que recebem consultorias para a melhoria da qualidade do produto, a diminuição dos custos de produção, o fortalecimento do setor e o aumento das exportações.