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Comissão Europeia sinaliza regulação mais liberal para transgênicos

Entidade aprovou tipo controverso de batata geneticamente modificadaA Comissão Europeia sinalizou nesta terça, dia 2, uma posição mais liberal para regular organismos geneticamente modificados (OGMs) ao autorizar o cultivo de um controverso tipo de batata transgênica e ao trabalhar no sentido de permitir que os governos nacionais decidam sobre o tema.

O movimento da Comissão (braço executivo da União Europeia) e do comissário John Dalli, escolhido pelo presidente José Manuel Barroso para regulação de biotecnologia, foram bem recebidos pela indústria do setor e criticados por grupos ambientalistas, de modo que fortaleceu as divisões de opinião na Europa.

? É um mau começo para o novo comissário ? disse o porta-vos do grupo ambientalista Amigos da Terra, Adrian Bebb.

? Temos várias preocupações muito fortes sobre a nova comissão de Barroso no que diz respeito às safras geneticamente modificadas.

As companhias de biotecnologia dizem que a decisão da Comissão sobre a batata Amflora, desenvolvida pela Basf, mostra que a Europa está finalmente seguindo suas próprias regras sobre aprovações de biotecnologia. A Basf precisou esperar quase 14 anos para conseguir uma autorização da União Europeia para o cultivo da batata, depois de uma série de revisões de segurança pelo governo da Suécia. A Autoridade de Segurança Alimentar Europeia (EFSA) disse que a batata não apresenta riscos à saúde humana ou ao meio ambiente.

A Comissão também aprovou três variedades de milho desenvolvidas pela Monsanto, para utilização na alimentação animal.

? As autoridades estão seguindo a lei e isso tem de ser a notícia ? comentou Willy de Geef, secretário geral da EuropaBio, principal grupo de lobby da indústria de biotecnologia.

? É tudo o que sempre pedimos.

Os ambientalistas, entretanto, disseram que a EFSA rotineiramente minimiza preocupações sobre a saúde quando aprova safras geneticamente modificadas.

O presidente Barroso afirmou no ano passado que pretendia investigar a possibilidade de permitir que os governos nacionais tivessem mais poderes sobre a regulação do cultivo de OGMs dentro de suas fronteiras. A Comissão informou que publicará uma proposta acerca do assunto. Sob os procedimentos atuais, a maioria absoluta dos governos nacionais da União Europeia precisa apoiar ou se opor à autorização de safras biotecnológicas para que elas sejam aprovadas ou não.

Na maioria dos casos, os governos não conseguem maioria absoluta e a decisão fica para a Comissão. Ela já autorizou a importação de vários produtos de alimentação humana e animal nos últimos anos, mas, antes da permissão para a batata da Basf, apenas uma variedade de milho da Monsanto foi aprovada para cultivo.

Um bloco de países como Grécia, França, Áustria e Hungria se opõe à permissão do cultivo, ou até mesmo a importação de transgênicos. Mas outros países como Reino Unido, Holanda e República Tcheca são a favor. Especialistas acreditam que a permissão para que os governos aprovem seus próprios OGMs provavelmente resultará em mais safras do tipo na União Europeia.

De modo geral, a opinião pública se opõe à utilização de transgênicos em alimentos, de acordo com a pesquisa Eurobarometer de 2006. Mas produtos usados em instalações industriais – como a batata da Basf, que serve para produção de amido – são vistos como mais favoráveis, segundo a pesquisa.

Ambientalistas e alguns cientistas se preocupam, ainda, com a possibilidade de o gene que confere à batata resistência a dois importantes antibióticos vir a selecionar bactérias que, por sua vez, sejam resistentes ao antibiótico. A EFSA rejeitou esta ameaça em pronunciamento divulgado no ano passado.

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