A avaliação no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é que o fornecimento de alimentos e produtos extrativistas a esses programas ajuda as cooperativas a se organizar e a melhorar a produção. O incremento favorece a entrada dos produtos dessas cooperativas nas redes privadas de supermercados.
– Quando uma cooperativa, uma associação, entra em um programa como esse passa por uma experiência de formalização. Às vezes, tem que tirar um registro do produto, tem que retirar as notas fiscais, tem que organizar a logística, tem que ter regularidade – disse o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, Arnoldo de Campos.
Segundo ele, “as compras não são de balcão”, mas estabelecidas em projeto, e há produtos que as cooperativas devem fornecer o ano inteiro.
– As cooperativas têm que programar a produção e isso acaba fazendo com que adquiram uma experiência nova, que acaba servindo ao mercado também – afirma o diretor.
Além da melhora da capacidade de gestão, as cooperativas estão sendo mais procuradas por necessidade do varejo.
– A gente está vivendo um crescimento da economia pela parte de baixo da pirâmide, o que significa mais alimentação em casa, a diversificação da cesta de alimentos, produtos diferenciados, o que tem impacto direto nas redes varejistas. Essas redes passam a demandar fornecedores mais frequentes, mais regulares, mais qualificados, abrindo as portas para a agricultura familiar com a produção orgânica, o produto regional, produto típico, produto da biodiversidade – disse Campos.
De acordo com o diretor, as compras públicas iniciam um “círculo virtuoso” e as cooperativas, com a garantia de escoamento de toda a produção, compram sementes melhores, mais insumos e equipamentos, o que aumenta a produtividade. Com isso, há condições para as cooperativas agregarem mais valor aos produtos.
A Coop Cerrado reúne a produção de baru, gergelim e flocos de arroz de 30 municípios nos Estados de Goiás, Minas Gerais e da Bahia para fornecer barrinhas de cereais. Outro exemplo é a Coopaf, no Paraná, que em vez de fornecer trigo, beneficia o alimento com uma empresa terceirizada e fornece macarrão às escolas da região.
Cerca de 70% dos produtos da cesta básica no Brasil, como feijão, hortaliças, leite, carne suína e de frango são produzidos por agricultores familiares. Além de produtos tradicionais, cresce na rede varejista a demanda por castanha do Brasil, pequi, umbu, pinhão e erva mate.
– São produtos típicos da biodiversidade brasileira que estão ganhando as prateleiras e abrem nova perspectiva para a agricultura familiar – afirma o diretor.
O governo contabiliza mais de 12 mil cooperativas em todo o país e cerca de 4,3 milhões de famílias de pequenos agricultores. Conforme Arnoldo Campos, a meta até 2014 é superar os 10% desse universo. Este ano, o governo pretende estabelecer acordos com as redes varejistas para a compra de alimentos das cooperativas apoiadas pelo MDA.