Ao comentar sobre a possibilidade de restrição às exportações de milho, Santos afirmou a lei de oferta e demanda deve ser respeitada, mas ressaltou que o governo deve contar com mecanismos para evitar que as vendas externas de grãos coloquem em risco a segurança alimentar e pressionem os índices inflacionários, uma vez que o milho representa 70% dos custos de produção de aves e suínos.
O presidente da Conab afirmou que a disparada nas exportações de milho nos últimos dois meses é um dos fatores responsáveis pelas dificuldades enfrentadas pela empresa para remover milho de Mato Grosso e Goiás para atender pequenos criadores de municípios da região Nordeste e do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ele explica que a demanda por caminhões inflacionou os valores dos fretes e reduziu o interesse das transportadoras pelo cumprimento dos contratos assumidos com a Conab, pois as viagens são mais longas e não têm garantia de carga no retorno a origem. O bloqueio das rodovias BR-364 e BR-174 em Mato Grosso nos últimos dias também contribuiu para reter os caminhões nas estradas.
Segundo um balanço da Conab, até a última sexta, dia 31, das 380,3 mil toneladas de milho que têm fretes contratados, 226,3 mil toneladas já foram embarcadas e 199,3 mil toneladas foram descarregadas no destino. Na próxima quinta, dia 6, a Conab realiza mais um leilão de frete para contratar a remoção de mais 116,8 mil toneladas. Santos afirmou que os preços estão na fase final de apuração e devem ser maiores que os do leilão da semana passada, que teve interesse para apenas 2 mil toneladas das 101 mil ofertadas.
Uma das estratégias da Conab para contornar a falta do interesse das transportadoras pela remoção do milho da Conab é contar com o apoio do Exército, que cederia caminhões para realizar o transporte. Uma das ideias da Conab é ensacar o milho na origem, uma vez que os armazéns da região Nordeste não têm estrutura para granéis. A seca que provocou forte quebra na produção nordestina de grãos aumentou a procura na região pelo milho dos estoques oficiais do governo, que é vendido a R$ 18,12/saca, bem abaixo dos R$ 40 praticados nas principais praças. No interior o produto chega a ser vendido a R$ 50/saca. O número de produtores cadastrados para comprar milho do governo, que era de 33,8 mil nos últimos anos, saltou desde junho para 132,4 mil.
O presidente da Conab afirmou que o Ministério da Agricultura continua negociando com o Ministério da Fazenda autorização para compra de milho a preços de mercado nas regiões produtoras do oeste da Bahia, Maranhão e Tocantins, pois com o frete o cereal chegaria às regiões de consumo do Nordeste a preços finais inferiores ao do transportado a partir de Mato Grosso e Goiás. Santos diz que no médio prazo a Conab deve rever sua política de armazenagem e investir na construção de silos nas áreas de nova fronteira, que serão estratégicos para atender a região Nordeste nos períodos de frustração de safra por causa da seca.