No leilão de Pepro serão disponibilizadas 30 mil toneladas, sendo 10 mil provenientes do Paraná, 10 mil toneladas do Rio Grande do Sul e outras 10 mil de São Paulo. O participante terá de comprovar a venda do produto para uma indústria moageira sediada na unidade da federação de plantio do trigo, ou a venda e o escoamento do grão para qualquer consumidor final sediado fora da unidade da federação de plantio. Já o leilão de PEP vai comercializar 110 mil toneladas do grão do Paraná, 195 mil do Rio Grande do Sul, 20 mil de Santa Catarina e cinco mil toneladas de São Paulo.
O objetivo dos leilões é garantir o preço mínimo ao produtor, além de estimular a safra nacional e o escoamento da produção. Entre novembro e dezembro de 2011, foram realizados três leilões e comercializados 590 mil toneladas de trigo. Este é o quarto leilão de trigo e o primeiro neste ano.
Fraude
A compra de trigo por meio de leilões do governo federal havia sido suspensa no final do ano passado, em função de suspeitas de fraude. A medida gerou lentidão na liquidez, com produtores armazenando grandes quantidades de excedente, além de haver quedas nos preços.
O coordenador geral de Cereais e Culturas Anuais do Ministério, José Maria dos Anjos, explica que, ao ser descoberto “acerto” entre empresas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) “adotou as medidas cabíveis” e agora os leilões podem ser retomados. Apesar de a programação fechada com o setor produtivo em outubro prever leilões quinzenais até o final de fevereiro, dos Anjos não confirmou as datas.
– Após o leilão do dia 20 faremos uma avaliação – disse.
A notícia da volta dos leilões de prêmios de escoamento foi comemorada pelo mercado, que agora espera maior liquidez. Como os prêmios distribuídos pela Conab reduzem os custos com frete, moinhos estavam esperando a retomada para voltar a negociar trigo nacional em volume. O corretor Washington Terra, da WA Corretora, de Maringá (PR), entretanto, demonstra preocupação com o período em que as operações serão realizadas.
– Se os leilões preverem também o escoamento para o mercado externo, teremos problemas nos portos porque o embarque do trigo coincidirá com o início do escoamento da safra de soja – aponta.
Ele lembra que entre o arremate do prêmio no leilão, a negociação do trigo e o embarque efetivo, o trigo subsidiado deverá chegar ao porto no final de fevereiro ou início de março.
Importação
A indústria moageira nacional gastou quase 20% mais com a importação de trigo em 2011. Segundo dados fechados pelo Ministério da Agricultura, a despesa totalizou US$ 1,832 bilhão, 19,8% acima dos US$ 1,528 bilhão gastos nos 12 meses de 2010. O valor considera preços FOB, sem taxas, impostos ou frete e reflete a valorização da commodity no mercado internacional. Em 2011, o preço médio da tonelada desembarcada nos portos brasileiros foi de US$ 319, ante US$ 242 no ano anterior.
Já o volume de trigo comprado no exterior totalizou 5,740 milhões de toneladas, 9% menor que o de 2010, de 6,323 milhões de toneladas. A Argentina foi o principal fornecedor do cereal, com 4,546 milhões de toneladas, ou 79% do total, recuperando espaço perdido no ano anterior. Em 2010, restrições impostas pelo governo argentino à exportação fizeram com que o país exportasse ao Brasil 3,620 milhões de toneladas. Uruguai, Paraguai e Estados Unidos complementaram o abastecimento em 2010. No ano passado, esses países também foram fornecedores, mas num volume significativamente menor. Juntos, venderam ao Brasil 336,3 mil toneladas contra 1,130 milhão de toneladas no ano anterior.