Condição sanitária privilegia SC no mercado de aves e suínos

Livre de aftosa sem vacinação, Estado fica mais perto de ampliar vendasBerço das maiores agroindústrias do país, Santa Catarina aproxima-se do limite de expansão em criações de aves e suínos. O Estado, no entanto, ainda mantém um diferencial que contraria a lógica que levaria as indústrias para outras regiões.

O território catarinense obteve ao longo dos anos as melhores condições sanitárias do país para a produção de carnes. Sua principal distinção é ser considerada área livre de aftosa sem vacinação, o que torna o Estado o mais credenciado na busca de novos mercados mundo afora.

? No dia em que abrirem o mercado de suínos do Japão e da Europa, por exemplo, Santa Catarina será o primeiro Estado a poder exportar para esses locais ? afirma o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Ávila.

De acordo com ele, o diferencial tornou-se a principal vantagem competitiva do Estado, sendo responsável por manter as grandes agroindústrias interessadas em se instalar na região. Essa seria uma das razões para a Sadia ter escolhido, no ano passado, a cidade de Mafra, no Planalto Norte, para instalar um novo complexo industrial com frigoríficos de aves e suínos e fábrica de ração. O aporte previsto somaria cerca de R$ 1 bilhão. Com as adversidades que a empresa enfrentou nos últimos meses e a queda na demanda externa, a construção da unidade acabou postergada, mas ainda segue nos planos.

Déficit na produção de grãos é a maior desvantagem

A Sadia vem realizando aportes no Centro-Oeste, região onde há potencial maior de crescimento. No entanto, as vantagens catarinenses na área de sanidade animal pesaram na hora de escolher o local de instalação desse novo complexo industrial.

Como explica Ávila, essa condição chega a contrariar a lógica estabelecida no segmento, de as agroindústrias instalarem-se perto das regiões produtoras de grãos. SC é deficitária no abastecimento do milho, um dos principais insumos para a criação animal. Do total consumido de 3,6 milhões de toneladas do grão, cerca de 2 milhões de toneladas são compradas do PR, MT e Paraguai.

O déficit representa a maior desvantagem do Estado atualmente, indica o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes. Ele explica que a distinção na sanidade animal foi alcançada após esforços do Estado, que tem na agroindústria uma de suas principais forças econômicas. No abastecimento de grãos, porém, seria difícil conseguir feito semelhantes, por se tratar de um limite de espaço físico. A disponibilidade de grãos, ele indica, foi um dos principais fatores que levou a expansão da produção de frango no Paraná. Santa Catarina perdeu para o Estado vizinho, no ano passado, a liderança nas exportações e produção da ave. Pela mesma facilidade de abastecimento, Mendes aposta no Centro-Oeste como a próxima região a se destacar no segmento.