De acordo com dados apresentados pelo diretor científico da Agência Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, cerca de 47% da energia utilizada no Brasil atualmente é proveniente de fontes renováveis, contra 13% da média mundial e 7,2% nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês).
Do total de energia renovável utilizada no Brasil, 18% é derivada da cana-de-açúcar. O uso de etanol pela frota de veículos do Estado de São Paulo, por exemplo ? que consome 63% do volume de etanol produzido no país ? fez com que a participação do petróleo na matriz energética estadual caísse de 60% para 33% no período de 1980 a 2008.
? Isso é algo muito importante e nos leva a crer que é possível outros países industrializados terem mais de 25% de sua energia vinda de fontes renováveis ? disse.
Para o diretor científico da empresa de bioenergia Ceres, Richard Flavell, a quantidade de bioenergia que será produzida no mundo para substituir parte do petróleo nos próximos anos dependerá não apenas de fatores como a disponibilidade de terra para o cultivo de plantas que possam ser convertidas em combustível, mas da forma como esse processo será implementado.
? A realização dessa meta dependerá da criação bem-sucedida de canais de produção economicamente viáveis, estáveis e sustentáveis, como os que existem no Brasil para a produção de etanol da cana-de-açúcar ? apontou.
Flavell também destacou pontos como políticas governamentais, legislação nacional e internacional, tornar a conversão da biomassa lignocelulósica em biocombustíveis em um negócio rentável e os custos de produção de matérias-primas como fatores que deverão impactar no desenvolvimento de biocombustíveis no mundo.
O professor do Imperial College London, Jeremy Woods, elencou quatro caminhos fundamentais para aumentar o suprimento de biomassa.
? Será preciso expandir a área de cultivo de plantas que podem ser convertidas em biocombustíveis em escala nacional e global, aumentar o rendimento, reduzir custos e aumentar a eficiência da produção, da conversão e do uso da biomassa, integrando os benefícios ? disse.
Já na avaliação do vice-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, alguns dos principais desafios para o etanol brasileiro são retornar o ciclo de investimentos no setor, que foi afetado pela crise econômica global em 2008, além de reduzir a sazonalidade e a volatilidade de preço do combustível e aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no setor.