O desafio inclui a conciliação de interesses de países ricos e nações em desenvolvimento para chegar a níveis de redução de emissões de gases de efeito estufa que evitem o colapso climático do planeta. Também está em jogo a definição de um mecanismo para compensar a redução de emissões pelo desmatamento de florestas e dos valores do financiamento dos países ricos para os que os mais pobres se adaptem às consequências da mudança do clima, conta que até agora não está fechada.
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Os diplomatas chegam a Copenhague sob pressão para evitar o fracasso do encontro, alardeado nas últimas semanas por organizações ambientalistas que temem que a COP-15 termine apenas com um acordo político, sem medidas efetivas para salvar o ambiente. A expectativa ficou menos sombria após o anúncio de metas e compromissos de países como os Estados Unidos, a China, Índia e o Brasil.
Grande poluidor e único país rico a não assinar o Protocolo de Quioto, os EUA prometeram corte de 17% das emissões até 2020. A China, numa conta mais complicada, anunciou compromisso de corte entre 40% e 45% por unidade de Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, o que na prática ainda significa dobrar as emissões do país. A conta brasileira é de redução entre 36,1% e 39,8% até 2020, o que segundo o governo, vai evitar o lançamento de mais de 1 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera.
Mesmo com parte dos números na mesa, é improvável que a reunião de Copenhague defina o novo regime global para complementar o Protocolo de Quioto. Nos últimos meses, reuniões preparatórias e encontros multilaterais não foram suficientes para fechar pontos importantes do acordo, que, pela regras da Organização das Nações Unidas (ONU), só pode ser aprovado por consenso.
Um dos principais nós é o impasse sobre o financiamento de ações de adaptação e mitigação nos países em desenvolvimento. O dinheiro tem que vir dos países desenvolvidos, mas até agora não há sinal de acordo sobre os valores. Os mais pobres argumentam que são necessários pelo menos US$ 400 bilhões por ano. A melhor proposta na mesa por parte dos países industrializados prevê aporte de cerca de US$ 140 bilhões, mas parte do dinheiro teria que vir dos países em desenvolvimento, caso do Brasil, da China e Índia.
Geralmente representados por diplomatas e ministros, chefes de Estado importantes no jogo da negociação climática já confirmaram presença em Copenhague em algum momento das próximas duas semanas. O norte-americano Barack Obama, o francês Nicolas Sarkozy, a alemã Angela Merkel, o britânico Gordon Brown e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão com passagens marcadas para a capital dinamarquesa.
Além de governos, participam da COP-15 representantes de organizações não governamentais, observadores internacionais e ativistas de todo o mundo. Em duas semanas de reunião, o número de participantes deve passar de 30 mil.