Os conflitos começaram em 11 de março, quando o governo anunciou aumento nos impostos sobre exportação de grãos. Em reação, os ruralistas organizaram protestos por todo o país e impediram o transporte de mercadorias, o que causou desabastecimento em várias regiões.
Depois de muitas negociações e da derrota no Senado argentino, que não aprovou a resolução sobre os impostos, o governo saiu fracassado. E a perda de popularidade de Cristina Kirchner é compensada pela maior fama de lideranças agrícolas daquele país.
Uma dos que passaram a viver como astros é o presidente da Federação Agrícola da Argentina, Alfredo de Angeli. O produtor rural está em capas de revistas, é notícia nos jornais e requisitado para tirar fotografias. Há quatro meses vivendo na fama, ele diz que a crise ainda não acabou.
? Continua igual. Estamos aqui numa feira centenária que mostra que a agricultura na argentina tem capacidade de se desenvolver, de produzir, mas com a política regressiva deste governo vamos mal ? disse ele.
A crise e os heróis que surgiram a partir dela são diferenciais da Feira de Palermo, uma das mais tradicionais do setor agrícola da América Latina. Palermo é um bairro de Buenos Aires, próximo ao centro da cidade. Por isso a feira, uma grande exposição de animais, máquinas e equipamentos agrícolas, atrai não só produtores rurais. Vizinhos ao parque fazem do evento um passeio.
Mas, tradicional como é para o segmento agrícola, a La Rural, como é conhecida, tem que cumprir também sua proposta, disse o presidente da Sociedade Rural da Argentina, Luciano Miguens, um dos organizadores.
? O campo tem muitas coisas para trabalhar com o governo porque depois de quatro meses de conflito é preciso falar de muitos temas que foram deixados de lado. Temos problemas com a pecuária, com a agricultura, com a economia regional. Uma agenda grande.