Segundo o diretor-presidente do Canal Rural, Donário Almeida, o evento é uma oportunidade de discutir todos os assuntos “fora da porteira” e oferecer ideias para entender a formação de preço no mercado agropecuário.
Mato Grosso
As políticas públicas voltadas para o fortalecimento da agropecuária de Mato Grosso foram discutidas na manhã desta terça pelo governador do Estado, Silval Barbosa e pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado. O maior desafio do governo é conciliar a capacidade produtiva com a estrutura e a realidade de dificuldades em logística, segundo Barbosa.
– Precisamos buscar planejamento para viabilizar a logística mínima para competir com os demais Estados – disse o governador, ressaltando o potencial produtivo de Mato Grosso, que mais que dobrou a produção de grãos em quatro anos, pulando de 22 milhões para 46 milhões de toneladas. Para Barbosa, acompanhar essa evolução é o grande desafio em termos de políticas públicas.
Ele também lembrou da necessidade do fortalecimento dos investimentos federais para viabilizar os avanços necessários em logística.
– Nos últimos anos conseguimos uma maior atenção do governo federal, até mesmo pelo status produtivo atingido pelo Estado – disse o governador.
Ele destacou a luta do governo para dar respostas ao produtor, através de investimento em rodovias, portos e ferrovias, com o intuito de ajudar no escoamento da safra.
– Temos que superar a questão tributária para fazer com que o Estado tenha poder de investimento. Estamos buscando meios para simplificar o sistema tributário e dar competitividade ao produtor – concluiu.
Durante o evento, o presidente da Famato, Rui Prado, pediu ao governador apoio para que a Lei Kandir seja cumprida. Para ele, este é um ponto crucial para assegurar mais investimentos em logística e infraestrutura.
– O governo federal não tem repassado a compensação devida a Mato Grosso – reclamou Prado, que considera um desastre taxar a soja com Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Milho
O governo está preparado para intervir no mercado de milho em 2014, repetindo as ações feitas em 2013 para garantir o preço do cereal. A afirmação foi feita pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, durante o Congresso. Segundo o secretário, o orçamento já reserva R$ 5,6 bilhões para assegurar os preços do milho em 2014.
– Estamos preparados para executar e aperfeiçoar estes mecanismos. Se for necessário, faremos as intervenções devidas – ressaltou Geller.
Segundo ele, as condições para o mercado de milho na próxima temporada tendem a ser positivas.
– Há muitas coisas boas acontecendo, como o acordo fechado para a importação de milho brasileiro pelos chineses. A demanda chinesa tende a aumentar. Não só para o milho, mas também no mercado de carnes – projetou Geller.
Geller lembrou da necessidade de investimentos em logística para resolver os problemas do setor. Ele projetou que o país feche 2013 com exportações de 25 milhões de toneladas. Até a terceira semana de novembro, os embarques somavam 21 milhões de toneladas.
– Há três anos, exportávamos cerca de 9 milhões.
Seguro Rural
O Brasil precisa de um seguro rural que dê tranquilidade para o produtor, não só compensando os custos, mas garantindo a renda, através do preço. A avaliação foi feita pelo secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Caio Rocha.
– O seguro de preço seria o coroamento de uma política agrícola eficiente – disse Rocha.
Para o secretário, o agricultor necessita de seguro e garantia de renda, não só dos custos. O secretário lembrou que o Brasil ainda está iniciando o processo de seguro. Nos Estados Unidos, os investimentos já batem em US$ 4 bilhões por ano. No Brasil, a expectativa é de os produtores contratem US$ 700 milhões em 2013/2014, um número tímido, mas que mostra evolução considerável. Na temporada anterior, o total ficou em US$ 400 milhões.
Para Rocha, a política agrícola deve deixar de levar em conta o aumento de subsídios e passar a financiar questões que dêem consistência ao setor. Além do seguro, ele citou investimentos em logística, sanidade vegetal, saúde animal, pesquisa, tecnologia e assistência técnica.
Cenário internacional
A superintendente técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosemeire dos Santos, acredita que, em termos de demanda, o cenário internacional é bastante positivo. Para a especialista, a economia norte-americana começou a reagir e já sinalizou que vai apresentar crescimento neste e no próximo ano, da mesma forma que a Europa e o Japão.
De acordo com o diretor-executivo da Aprosoja-MT, Marcelo Monteiro, os chineses estão preocupados em manter a trajetória de crescimento acima da média mundial. Segundo ele, a China tem interesse em fazer novos negócios com o Brasil, porém enfrenta algumas dificuldades.
– Há alguns problemas que a China encara ao realizar negócios com o Brasil. Os chineses têm dificuldades de entender alguns entraves que são colocados, como a questão tributária e democrática, para o investimento estrangeiro aqui no país – relatou.
• Assista à reportagem do Rural Notícias sobre o AgriMoney:
• Assista às entrevistas no Mercado & Cia com participantes do evento: