Congresso Internacional do Trigo promove cultura do grão no Brasil

Realizando em Florianópolis, evento coloca em debate o movimento pela integração e agregação de valor em toda a cadeia de produçãoComeçou neste domingo, dia 21, em Florianópolis (SC), o 19º Congresso Internacional do Trigo. O evento acontece até esta terça, dia 23, e busca promover a cultura do grão no Brasil, colocando em debate o movimento pela integração e agregação de valor em toda a cadeia de produção. Palestrantes e convidados de diversos lugares do mundo participam dos painéis do Congresso, que este ano busca fomentar a qualidade e o consumo do trigo.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil produz 2.736 quilos por hectare. E a região Sul é a responsável por 95% da produção nacional. Ano passado, foram 5,7 milhões de toneladas de trigo produzidas no país. Em 2012, espera-se um pouco menos em virtude do clima que castigou muitas lavouras, principalmente no Rio Grande do Sul.

– É possível que nós tenhamos, esse ano, um preço mais elevado. Já está 40% acima no período de janeiro a setembro. Mas, certamente, não há impacto sobre a produção para a população – diz Sérgio Amaral, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

E mesmo com uma boa produtividade, o Brasil ainda é dependente de países vizinhos, como a Argentina, para abastecer o mercado interno. Isso dificulta a autossuficiência brasileira na cultura. 

– Nós temos tecnologia e produtores para produzir trigo, se nós tivéssemos uma política de trigo de autossuficiência, aí seria uma questão de decisão governamental. Mas, tecnicamente, nós temos condições técnicas, temos produtores – diz Sérgio Dotto, chefe-geral da Embrapa Trigo.

Uma das formas de qualificar o trigo brasileiro está na nova classificação da cultura. Uma nova categoria, o trigo doméstico, foi incluída. Valores de algumas classes também foram elevados. Por exemplo, o trigo pão passou de R$ 180 para R$ 220 o valor mínimo da força de glúten. E também foi acrescentada uma nova variável que é a estabilidade.

– Essa nova classificação de trigo vem beneficiar ao consumidor que quer uma qualidade. Como nós tínhamos uma classificação um pouco inferior, nós tivemos que estudar e rever essa classificação para que se possa ter um trigo na altura do trigo argentino, de onde nós importamos. O trigo produzido no Brasil vai ter um mercado garantido – fala Sérgio Dotto.

O Brasil consome um pouco mais de 10 toneladas do grão. A maior parte desse consumo está no Sudeste com 42,3%, seguido do Nordeste, 22,5% e o Sul com 19,4% (sai tela 2). Com uma demanda interna tão alta e um consumidor mais exigente, o trigo é um dos alimentos mais consumidos do mundo.

– O trigo não tem nenhum dos vilões, não tem açúcar, não tem sal, não tem gordura. O trigo é um componente indispensável da alimentação da população em geral. Ele tem uma contribuição a dar para a saúde da população – fala Sérgio Amaral.

44,3% da produção de trigo é destinada para a fabricação de pães. Por isso, um novo conceito de padaria está se criando para aumentar o hábito de consumir produtos panificados. O setor tritícola está empenhado na qualidade do produto, a fim de promover um maior entrosamento entre a cadeia produtiva do trigo, a indústria e o comércio.
 
– Com isso, a panificação tem criado novos momentos de consumo, repensando conceitos de suas lojas, e introduzindo conceito de café da manhã, almoço, lanches, ou seja, ampliando as possibilidades de foodservice dentro da padaria. Daí a importância do segmento de panificação para ampliar o consumo do trigo – diz Márcio Rodrigues, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Alimentação, Confeitaria e Panificação (Propan).

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