Produtor de trigo e superintendente da Cooperativa Agrária, do Paraná, Adam Stemmer foi ao congresso para se atualizar sobre as tendências do mercado.
– Vejo que temos uma oportunidade de consagrar e estruturar a cadeia do trigo no Brasil nos próximos anos. Temos condições de levar os produtores a cultivar os tipos de trigo que são mais interessantes para a indústria – explica.
Um dos aspectos abordados pelos palestrantes foi a eficiência da cadeia do trigo no país dos hermanos. O presidente da Câmara Arbitral de Buenos Aires, Javier Bujan, afirmou que não há rivalidade entre os países do Mercosul em função da autossuficiência argentina. Para ele, é necessário desenvolver uma parceria com o Brasil e discutir em conjunto a produção de trigo no bloco econômico. Bujan destacou ainda que a Argentina possui uma política interna que ajuda a produção, o escoamento e a exportação do grão e, por isso, tornou-se referência no assunto.
Para o economista Dante Sica, a Argentina é historicamente uma grande produtora de trigo, servindo de exemplo para toda a América do Sul. Segundo ele, o Brasil tem um desafio climático e restrições internas que impedem uma maior produção, que ainda está mais limitada a região Sul. Segundo Sica, é preciso que haja um maior desenvolvimento, além de incorporação de genética e programas tecnológicos, para que o país avance na questão do abastecimento do grão nos próximos anos.
Um dos principais problemas da produção do trigo brasileiro hoje está no escoamento interno da cultura. Em 2011, o Brasil produziu mais de cinco milhões de toneladas e quase metade desse volume foi exportado. Segundo especialistas, é mais barato importar o grão argentino para a região Nordeste do que comprar o próprio trigo brasileiro.
– Nós temos uma questão portuária, a cabotagem, que é cara, e um problema tributário. Muitas vezes, quando o trigo entra na região Nordeste, entra com diferimento de ICMS e, quando sai do Rio Grande do Sul para o Nordeste, sai com ICMS. Tudo isso é custo, e o moinho que vai comprar o produto vai escolher a opção mais barata – explica José Maria dos Anjos, coordenador Geral de Cereais e Cultura Anuais do Ministério da Agricultura.
Marcelo Vosnika, diretor de uma moageira, afirma que, além de ser mais barato, o trigo argentino também é mais uniforme que o brasileiro.
– Na Argentina, o clima, o solo e as variedades de trigo são mais uniformes. O trigo argentino é um trigo bom, não excepcional, mas é uniforme. O Brasil também tem trigos muito bons, mas temos dificuldades de segregação e regiões de clima e solos muito distintos. É difícil conseguir um trigo uniforme.
Paralelamente ao evento, também foi realizada a Feira de Negócios, voltada para toda a cadeia de produção. Mais de vinte empresas expuseram produtos e maquinários na expectativa de atrair mais negócios. O expositor José Schazmann foi um dos empresários que participaram da feira.
– Nós tínhamos uma expectativa inicial que foi 100% atendida. Estamos bem satisfeitos! – comemorou.
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