Produtores que utilização esse tipo de tecnologia afirmam que não se arrependem, mas reconhecem que os custos e mão-de-obra para manter a lavoura sem produtos químicos são maiores. Desde 1988, o produtor Romeu Leite não usa defensivos químicos na lavoura. Ele conta que, na época, a ideia era vista com desconfiança.
? A agricultura sem uso de agrotóxico não se falava e os poucos que falavam eram ridicularizados, não se achava que era possível produzir sem o uso destes insumos químicos ? conta o agricultor.
Vinte e três anos depois, Romeu e outros três sócios colhem os resultados da ousadia. Na propriedade há 65 variedades de hortaliças e frutas são cultivadas sem qualquer tipo de defensivo químico, deixando que o controle biológico aconteça pela própria natureza.
? A tendência da natureza é sempre atingir o equilíbrio, então os insetos que vem comer as plantas atraem os predadores destes próprios insetos sem a necessidade de uma introdução artificial ? explica Leite.
O agricultor também usa um modelo de produção vegetal e animal conjunta.
? Galinhas são criadas para produção de ovos e o esterco serve de base para o composto orgânico que vai fazer a fertilização do solo. E com este solo rico em bactérias e fungos acaba dando mais resistência para planta no combate a estes invasores.
O que os donos da fazenda já conseguiram ainda é um desafio na agricultura brasileira. A utilização de defensivos naturais está sendo discutida neste Congresso em Jaguariúna. Atualmente apenas 1% dos produtos no mercado é natural. Uma das dificuldades é o custo mais alto.
? Eles são tão efetivos quanto os fungicidas químicos, eles são descompostos no ambiente e outra grande vantagem, não deixam resíduos nos alimentos que vamos consumir ? explica o pesquisador e professor da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Antônio Maffa.
A ampliação do mercado depende basicamente da pesquisa. Em Jaguariúna a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolve trabalhos em parceria com empresas privadas.
? A pesquisa tem importância fundamental nisto, por isso os produtos começam na pesquisa. A primeira etapa é obtenção do princípio ativo do organismo para controle biológico e a seleção deste organismo. A partir de então o desenvolvimento do produto para chegar lá na ponta e poder ser usado no campo ? diz o pesquisador e engenheiro agrônomo, Marcelo Boechat.
Este produto desenvolvido em laboratório é para combater o mofo branco que ataca lavouras de feijão, soja, algodão e hortaliças. Em um ano deve estar no mercado.
? É diferente do uso de um produto químico. Com o biológico o produtor tem que entender um pouco o que está fazendo. É um processo ecológico e o treinamento do produtor é importante, é mais demorado, muito mais eficiente do que o produto químico ? declara Boechat.