Conheça as mudanças do governo Temer para o Plano Safra

O novo secretário de Política Agrícola, Neri Geller, disse que a redução da taxa de juros é inviável

O Plano Safra do governo federal terá mudanças em relação ao conteúdo anunciado pela ex-ministra Kátia Abreu, mas a redução da taxa de juros não está nos planos do governo Temer. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, nomeado oficialmente nesta quinta, dia 2, recebeu entidades do setor produtivo e anunciou que a medida é inviável neste momento de crise econômica.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reivindicou uma taxa de 7,5% ao ano, sendo que a tarifa mínima anunciada para a safra 2016/2017 foi de 8,5%. “Em virtude de uma safra que nós tivemos incremento de custo de produção em torno de 15% a 20%, se você onera ainda mais com esse custo de crédito, você diminui ao máximo a margem desse produtor. Então, a gente espera que algumas linhas de investimento possa ser tratada de uma forma diferenciada”, disse o superintentende técnico da CNA, Bruno Lucchi.

A reivindicação pelo aumento de recursos para programas de investimento deve ser atendida pelo governo, mas Geller não garantiu que o volume final de R$ 202 bilhões vai subir, mesmo com remanejamentos.

O programa de construção de armazéns, que teria R$ 1,4 bilhões na safra 2016/2017 deve subir para R$ 3 bilhões e contemplar também os cerealistas, que tinham ficado de fora do benefício. Já o Moderinfra, que incentiva a irrigação, estava previsto para receber R$ 550 milhões, mas o valor pode subir para R$ 1 bilhão e oferecer financiamento em até 15 anos, contra 12 anos da definição anterior. 

O Moderfrota, destinado à modernização da frota de tratores e máquinas agrícolas, receberia R$ 5 bilhões, mas, provavelmente, o valor vai atingir R$ 7,5 bilhões.

O secretário ainda disse que vai tentar aumentar o limite de crédito para agricultores que trabalham com milho. O valor estipulado está em R$ 1,350 milhão por CPF, mas quem produz o grão pode alcançar um valor extra de mais R$ 1 milhão. “Essa proposta nós vamos levar sim pra que essas regiões que têm agroindústria muito forte e que o governo tem que dar algum incentivo a mais pra produzir milho. Obviamente que nós vamos discutir isso internamente e depois vamos levar ao ministro Blairo Maggi e, a partir do momento que tiver uma sinalização do ministro, nós vamos trabalhar isso na Fazenda”, disse Geller.

O secretário também sinalizou um possível aumento de recursos para o programa de garantia de preços mínimos e para o seguro rural, que tem R$ 400 milhões previstos para a próxima safra “O seguro não pode recuar, o seguro tem que crescer. Ele é importante para a economia do país porque dá sustentabilidade, principalmente nessas regiões de risco. Deixando claro ao nosso amigo produtor que são propostas que vieram e que vão ser levadas adiante. Agora isso não é um anúncio, longe disso, mas são algumas questões que nós vamos trabalhar dentro do Plano Safra, que são factíveis”, completou.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Márcio Portocarrero, o posicionamento do novo governo causou boa impressão, mas ressaltou que a renegociação das dívidas dos produtores também precisa ser priorizada. “Mais importante do que reduzir taxa de juros é possibilitar que o produtor possa acessar esse recurso, mesmo que seja uma taxa de juros um pouco maior, mas que possibilite liberação de garantias que estão presas”, disse.

Uma das soluções para o problema do endividamento é a criação de um fundo garantidor de acesso ao crédito de custeio. A proposta foi formada durante a reunião e ainda não está desenvolvida, mas, por enquanto, a ideia é que o fundo funcione como uma espécie de avalista, que ajudaria o produtor a prorrogar o pagamento das dívidas e aumentar o limite de financiamento junto às instituições financeiras.