Consultorias apostam em produção de soja bem acima do recorde

Combinação de área cultivada , clima favorável e produtividades excelentes, eleva as previsões de quase todas as empresas sobre a produção da oleaginosa

Daniel Popov, de São Paulo
Todos sabem a influencia que a relação entre a oferta e demanda gera nos preços de um produto. A soja não está isenta destes efeitos de mercado e ao que tudo indica, boa parte das oscilações no valor da oleaginosa são decorrentes de informações sobre a safra 2016/2017. Desde o início da temporada, a perspectiva é que a safra brasileira de soja batesse o recorde de produção, algo não muito difícil, já que o maior montante já registrado pelo país foi de 96,2 milhões de toneladas da safra 2014/2015.

Aliás, desde 2014 cria-se a perspectiva que a safra brasileira ultrapasse as 100 milhões de toneladas. Ao que parece, desta vez, finalmente o país quebrará esta barreira e se depender das consultorias agronômicas, em alto estilo, já que nenhuma prevê safras abaixo de 103 milhões de toneladas, e muitas esperam que os montantes ultrapassem as 105 milhões de toneladas.

personagem soja

A mais otimista até o momento é a Safras & Mercado, com a perspectiva que o país chegue a pelo menos 107 milhões de toneladas. Neste levantamento a empresa já considera perdas na Bahia, e ganhos produtivos no Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, por exemplo.

Outras consultorias como a AgRural, Terra Agronegócios e a Brandalizze Consulting elevaram suas perspectivas recentemente para pouco mais de 105 milhões de toneladas, apostando justamente que a safra está se desenvolvendo bem e que as quebras serão pontuais.

Para o analista de mercado da AgRural, Adriano Gomes esta previsão é a combinação da área recorde, estimada em 33,6 milhões de hectares, e do clima favorável, que ajudou as lavouras de boa parte do país. “O grande destaque nesta temporada é o Mato Grosso que conseguiu plantar com boa umidade no solo, teve bom regime de chuvas na fase de desenvolvimento. Em Sorriso, por exemplo, mais da metade da área já foi colhida e até agora a média por lá está em 58 sacas por hectare”, conta Gomes.

Já a consultoria INTL FCStone elevou suas estimativas para a produção de soja no país em seu relatório de fevereiro. Agora a previsão é que a safra chegue a 104 milhões de toneladas ante as 102,8 milhões de toneladas previstas em janeiro. “Nós estávamos segurando esta elevação, mas as coisas caminharam muito bem para os estados que mais produzem como o Mato Grosso e o Paraná. E revisamos para cima a estimativa, chegando a 104 milhões de toneladas”, explica Glauco Monte, diretor de commodities da consultoria.

A menor perspectiva foi dado pela consultoria Tendências, que prefere usar os números apontados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), hoje estimada em 103,7 milhões de toneladas, montante maior que a primeiro levantamento realizado pela entidade.

Independente das previsões no Brasil, os preços internacionais ainda estão sendo balizados mais pelas previsões na Argentina, do que qualquer outro. Segundo o analista da AgRural, em uma mesma semana os preços caíram depois de o clima na Argentina melhorar, mas logo depois, após uma previsão de volta de chuvas no país, os preços voltaram a subir. “O produtor precisa ficar de olho, é um ano difícil para negociações”, afirma Monte.

Veja mais notícias sobre soja