Numa visita ao museu do café em Santos, pode ser conhecido um pouco da história desta produção, que já representou a principal economia do Brasil. Como era o trabalho na lavoura, como eram feitos os negócios com café. O prédio do museu se destaca no centro histórico da cidade. Atrai turistas, que na cafeteria da entrada, podem até apreciar o cafezinho brasileiro.
? A gente tem um público habitual, e esse público, que consome o nosso café, às vezes não dimensiona a importância que ele tem atualmente em termos gerais ? diz a diretora técnica do Museu do Café, Marilia Bonas.
Quem visitar o museu do café nestes próximos dias vai conhecer mais que história. O pessoal organizou uma exposição sobre o mercado do café atualmente. A ideia é ressaltar a importância do produto no dia a dia do brasileiro e mais que isto, na economia do país. Segundo analistas, a exposição tem base numa estatística preocupante.
? A verdade é que há um equilíbrio muito precário entre a produção no Brasil, o mundo e o consumo mundial ? afirma o analista de mercado Eduardo Carvalhaes Filho.
Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o Brasil é responsável por 35% do café produzido no planeta. Exporta 33 milhões de sacas por ano para consumidores do primeiro mundo, e embolsa US$ 5,7 bilhões. No mercado interno, a indústria comemora o aumento de consumo, cerca 5% ao ano. A previsão para 2011 é de mais de 20 milhões de sacas, o que significa que cada brasileiro vai beber em torno de 85 litros de café este ano.
Outro dado da divulgado, é que não há Estado brasileiro que não produza café. Minas Gerais, em maior quantidade, chega a 25 milhões de sacas. Depois vem o Espírito Santo e São Paulo.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira deve chegar a 45 milhões de sacas neste ano, seis milhões a mais que em 2009, quando também ocorreu o chamado ciclo de produção mais baixa. Segundo Carvalhaes, o ritmo de crescimento da produção não acompanhou a demanda nos últimos anos, e os estoques mundiais estão acabando.
? Nos países produtores praticamente não existe mais estoque. E nos países consumidores os estoques estão muito baixos. Não chegam para três meses de consumo ? informa.
Carvalhaes também é diretor de uma corretora de café. Ele conta que viu, no último ano, a cotação do produto dobrar na bolsa de Nova York. Saiu do US$1,50 por libra peso para US$ 3.
? A tendência é de bons preços para o café. A safra pode ser um pouco maior, o consumo um pouco menor. Nós temos que prestar muita atenção na economia do mundo. A tendência tanto em 2011 quanto em 2012 é de alta nos preços do café ? esclarece.
A possível escassez de café não chega a preocupar a indústria. O diretor executivo da Abic, Natan Herszkowicz, acredita que os preços altos podem causar um efeito positivo no campo, estimulando a produção no ano que vem com cafés de melhor qualidade.
? Os melhores cafés vão ter que ser disputados. Disputa significa preço maior. Vai levar quem pagar mais. O brasileiro vai continuar tomando café a cada dia. Em média, 95% da população acima dos 15 anos toma café todo dia, e o que a gente deseja é que o Brasil continue sendo o país onde mais cresce o consumo de café no mundo.
A exposição no Museu do Café começou nesta terça, dia Nacional do Café, e vai até o dia 24 de junho.