O resultado surpreendeu a própria indústria de café, que esperava inicialmente crescimento de 3%. Mas o setor vive um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que o consumo aumenta, as indústrias passam por “situação aflitiva, vendo a rentabilidade desaparecer”, informa o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
Conforme Nathan, diversos fatores concorrem para agravar a situação. Ele cita a estabilidade dos preços do café no varejo há pelo menos quatro anos, “enquanto os custos só aumentaram”. Em janeiro de 2008, o café custava R$ 10,20/kg, em média, nos supermercados, enquanto em dezembro/2009 o preço era de R$ 10,49/kg, uma evolução de somente 2,8%, abaixo da inflação do período. Assim, o café continua sendo um produto muito acessível aos consumidores, mesmo nas categorias de maior qualidade e mais valor agregado, como os cafés superiores e gourmet.
? Se considerarmos nesse período, o aumento da carga tributária e a apropriação de margem pelo varejo, o preço recebido pela indústria reduz ainda mais ? observa Nathan, que salienta que a pressão do varejo limita alta dos preços.
Além disso, a concorrência dentro do próprio setor leva a uma indesejável competição pelo menor preço. Segundo ele, a situação é grave e prejudica principalmente pequenas e média torrefadoras.