O hábito de consumir frutas é pequeno, mesmo o Brasil sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo, avalia o estudo da CNA. A entidade levou quatro meses ouvindo 1,420 mil pessoas responsáveis pela alimentação de suas famílias, com diferentes níveis de escolaridade, de todas as classes sociais e regiões do país.
De acordo com o estudo, 16% dos entrevistados têm problemas de obesidade e 34% apresentam sobrepeso, um quadro que poderia ser revertido com o aumento do consumo de frutas, legumes e hortaliças.
O presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, Carlos Prado, considera que a pesquisa ajudará nas próximas ações da entidade e, a partir dela, será possível conversar com outras instituições sobre o problema da alimentação.
? Atribuo esses resultados, primeiro, à alimentação brasileira, que ainda não é muito saudável. Segundo, ao volume de produção do Brasil, que ainda tem que crescer e, com isso, conseguir uma redução de custo para que todos comam mais ? avaliou Prado.
A presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu, acredita que é necessário fazer uma pesada campanha de marketing para aumentar o consumo de frutas.
? Nós estamos constatando, por meio dos números da saúde, que os problemas nutricionais têm trazido uma carga muito pesada para o SUS [Sistema Único de Saúde]. O aumento do consumo de frutas serviria não só para o privilégio das questões econômicas, mas, principalmente, para as questões da saúde ? disse.
? Nós precisamos provar que fruta é um alimento importante, e não um supérfluo ou um complemento para que ela entre, de fato, na alimentação ? declarou o gerente do Instituto Brasileiro de Frutas, Maurício Ferraz, em entrevista ao Rural Meio-Dia.
Maurício Ferraz também considerou que, antes de implementar-se programas de reeducação alimentar e ações de marketing para ampliar o consumo de alimentos saudáveis é necessário atender as exigências do consumidor com relação à qualidade do produto.
? Na verdade, o que a gente precisa fazer primeiramente é que a fruta chegue na mesa do consumidor com sabor, depois, outros apelos são carregados com ela.
O gerente do Ibraf também atribuiu o baixo consumo de frutas ao distanciamento dos consumidores das grandes cidades aos centros de produção.
? Quando a fruta chega ao consumidor, ele não sabe como comprá-la, então, nós, do setor produtivo, precisamos dizer para ele: “leve esse produto para casa”, “nós já escolhemos para você”. Com isso, há uma forte tendência do aparecimento de marca, que é o produtor embalar a sua fruta, diferenciar o seu produto e mostrar para o consumidor que o produto é diferenciado ? constatou.
Para isso, Maurício Ferraz destacou que o setor deve se unir.
? Existem linhas de financiamentos para este setor, mas o ideal é trabalhar em associativismo para que os investimentos sejam diluídos entre vários produtores. Às vezes, entre mais de uma cadeia de frutas, para que você possa ter, por exemplo, um packing house ou uma câmara fria ocupadas o ano todo ? explicou.
Ferraz lembrou, ainda, da importância de ter uma boa logística de transporte, volume de escala estruturado e variedades apropriadas para que o consumidor seja realmente atraído ao consumo.