O agricultor Marcelo Oldoni tem 21 anos e é filho único. Ele conta que é produtor rural por opção. Valoriza os quase 30 anos de trabalho do pai e diz que está cuidando do próprio futuro.
? A melhor coisa que tem é você saber que o resultado do seu trabalho vai ser para você mesmo, por que o patrimônio é seu ? relata.
Sem formação universitária formal, tudo o que Marcelo sabe aprendeu com o pai. Mas, sentia necessidade de mais conhecimento. O curso de gestão da propriedade rural apontou novas estratégias de plantio e manejo.
? A gente reduziu a distância do plantio do milho, de 90 para 75 de distância entre linhas. Isso gerou um aumento na produtividade de cerca de 25%. Lógico, com ajuda da adubação e fertilização. Acho que muitas cooperativas tinham que seguir esses passos e fazer esse tipo de coisa porque ajuda demais os agricultores ? conta.
O interesse do filho em permanecer no campo e buscar novas tecnologias deixam o pai, Camilo Oldoni, cheio de orgulho e mais tranquilo em relação ao futuro.
?Não são todos que têm o privilégio de ter um filho assim. Ele é muito inteligente e vai dar sequência a tudo o que eu consegui até hoje. A terra está em boas mãos ? revela.
A experiência que o produtor já tem pode ser potencializada se ele tiver a oportunidade de receber informação mais detalhada, dados úteis, que ele possa converter em renda. A cooperativa também pode funcionar como uma ponte para que o aperfeiçoamento profissional seja traduzido em produtividade.
A Coopavel fez uma parceria com o Sescoop Paraná e com a faculdade Assis Curgacz. Professores universitários dão as aulas. Na grade, disciplinas como proteção de plantas, fertilidade do solo, cultura de precisão, informática. O curso dura seis meses. Para o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, a Unicoop é responsável pelos índices que o setor exibe na região.
? As produtividades médias da Coopavel, dos seus cooperados já é superior à média brasileira e à média paranaense. Isso na soja, no milho, no trigo. No índice de eficiência na área de carnes, no frango, no suíno, no leite. Então, o resultado no campo é produtividades acima da média, e produtividades que não agridem o meio ambiente.
A Unicoop também tem projetos de extensão. Um deles procura estreitar os vínculos familiares. Através de dinâmicas como a terapia do abraço, as esposas dos cooperados vão redescobrindo sentimentos muitas vezes esquecidos, como o carinho e a auto estima. A produtora rural Marlei Ferneda resolveu participar do curso pela segunda vez, depois de vencer uma depressão na primeira experiência.
? No início minha vontade era só de chorar porque eu estava muito mal. Eu tive a perda do meu pai, que me levou para o fundo do poço, eu não aceitava isso. Mas com o passar da palestra o professor Renato passou a explicar que a gente tem que se valorizar. Que eu tinha que me valorizar, passar à frente daquela depressão. E foi o que aconteceu.
E tem curso de valorização pessoal e familiar também para os filhos dos produtores e para os homens.
? Toda a família faz parte da cooperativa. Porque a cooperativa não está ali somente pela questão de lucro e renda, mas sim valorizar o ser humano. Porque, se o ser humano estiver bem, claro que a cooperativa também vai crescer ? explica a agente de desenvolvimento humano da Coopavel, Sandra Aparecida dos Santos.
A produtora Inês Librelatto Baggio gostou do curso. Ela quer que o marido passe pela mesma experiência.
? No curso a gente se conhece. Porque vamos vivendo e não nos conhecemos. Começamos a nos conhecer, a conhecer a família, a entender e a saber como preparar os filhos. É importante para as mulheres, mas seria bom dar esse curso para os homens também.