A lavoura é transformada em números que vão direto para o caderno de anotações. O lápis registra cada centavo empregado. O agricultor Aristides Fernandes adotou o kit oferecido pela cooperativa: além do caderno e do lápis, uma calculadora. Anotando o custo de produção em detalhes, ele percebeu como economizar.
? Antes a gente não fazia essas anotações. A gente usava um produto, sempre o mesmo produto, com a mesma eficiência. De repente, você, com essas anotações, compara de um ano para o outro e vê outros produtos com a mesma eficiência. Vê que pode ganhar dinheiro na hora de adquirir esses produtos ? disse Aristides Fernandes.
Ganha mais, ou perde menos, quem tem uma visão financeira global da propriedade. E o programa “Na Ponta do Lápis” segue por esse caminho: despesas, investimentos, lucros e prejuízos, mas tudo bem real e registrado em cada detalhe. E é assim, não deixando nada que envolva dinheiro escapar que o produtor sabe o que vai bem e o que precisa de ajustes. Saber administrar hoje pode levar a um futuro mais sólido e tranqüilo.
Os irmãos André e Pedro Henrique Zawadzki assumiram os negócios da família depois da morte do pai. As lavouras, no município de Araruna, são apenas uma parte do patrimônio, que é preciso preservar. Eles adotaram a versão informatizada do programa, mas o processo é o mesmo do caderno impresso. Custos, preços e outros dados são atualizados e avaliados pelos irmãos diariamente. E os resultados do controle financeiro são bem positivos.
? Nós tivemos uma economia de 15% nos custos da produção. Então, vale a pena utilizar o programa. Dá um pouquinho de trabalho, você tem que anotar tudo, fazer os lançamentos, mas compensa. No final se paga ? falou André Zawadzki.
O programa também ajuda no controle dos gastos que nem todos lembram de contabilizar. São as chamadas despesas invisíveis, como a conta do telefone, o conserto do carro, o desgaste do maquinário. O produtor rural Pedro Henrique diz que a família levou um susto quando percebeu o quanto itens como estes podem pesar no orçamento.
? A gente pode ver quais eram realmente as despesas invisíveis da propriedade e pessoais como o que era gasto com moradia, alimentação, água, luz, telefone. O celular mesmo, que a gente usava e só ia ver a conta no final do mês. Em reunião com meu irmão, a gente resolveu computar também todas as despesas da propriedade com manutenção de máquinas, depreciação, depreciação da própria terra, para ter um resultado econômico mais detalhado ? observou Pedro Henrique Zawadzki.
O programa “Na Ponta do Lápis” da cooperativa Coamo foi adotado por mais de dois mil associados. A iniciativa ganhou o Prêmio de Gestão Profissional, da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). O principal mérito é colaborar para a mudança de visão dos produtores na forma de administrar as finanças.
? Nesse ano, quando tivemos boa produção e bons preços, nós estamos vendo que houve uma evolução muito grande na questão da capitalização do produtor. E, ele conhecendo seus custos, já está vendendo uma parte da produção para o ano que vem já sabendo que sobre aquele custo de produção ele vai ter uma margem de renda boa. Isso é a evolução do produtor, vendendo em função de custos e já sabendo seus lucros na medida em que vai vendendo. É uma evolução bastante grande e é o que nós temos que fazer ? frisou José Aroldo Gallassini, diretor presidente da Coamo.