Cooperativa da Serra Gaúcha colhe resultados positivos com aposta na internet

Criada em 2001, a organização reúne 32 pequenos agricultores dos municípios de Picada Café, Presidente Lucena, Linha Nova, Nova Petrópolis, Caxias do Sul e Farroupilha que optaram pelos orgânicos, um mercado em expansão no país, que proporciona uma remuneração diferenciada na comparação com a agricultura tradicional, mas exige cuidados extras na produção por, entre outras peculiaridades, não permitir o uso de agrotóxicos. O diferencial da cooperativa está na forma de comercialização, centrada nos pedidos recebidos via internet.

Quem acessa o site da Coopernatural encontra uma feira virtual, onde produtos como sucos, doces em calda, geleias, vinhos e espumantes, derivados de cana-de-açúcar e também sabonetes são vendidos, com descrição, preço e também nomes e fotos dos produtores responsáveis.

O atual presidente da cooperativa, Remi Karling, 41 anos, participa da união há quatro anos. Da floricultura da esposa, na BR-116, via uma das feiras onde são comercializados os produtos na região e surgiu o interesse em participar. Da propriedade no interior de Linha Nova, município com pouco mais de 1,6 mil habitantes, retira a produção de figo, caqui, goiaba e pêssego orgânicos que são usados em geleias, doces e sucos, produtos admirados por compradores de todo o país.

O site da cooperativa auxilia na divulgação da produção e facilita o contato com possíveis compradores, concretizando, muitas vezes, a aproximação feita em feiras especializadas no centro do país.

— As feiras são mais para a gente fazer propaganda. As vendas são feitas pela internet — explica Karling.

O trabalho tem dado resultado. Em 2011 a Coopernatural vendeu aproximadamente R$ 400 mil em produtos, um salto quando comparado aos R$ 12 mil comercializados no ano da inauguração. Além da venda direta ao consumidor, a rede de agricultores possui como clientes lojas especializadas na comercialização de orgânicos, principalmente no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e também são acionados pela rede Walmart, gigante do setor de varejo, para suas lojas na região Sudeste. Curiosamente, o Rio Grande do Sul apresenta uma proporção pequena nas compras da cooperativa. Segundo o tesoureiro da Coopernatural, Ricardo Fritsch, participante do grupo desde a fundação, o Estado natal é responsável por menos de 5% da comercialização.

— Os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro são muito informados. Além disso também tem o fator renda, que conta bastante — diz Fritsch.

DIFICULDADES

O processo diferenciado de produção dos alimentos orgânicos, que não permite uso de pesticidas, é apontado pelo presidente da cooperativa como uma das principais dificuldades para os agricultores. A instabilidade do mercado, crescente, mas ainda em formação no país, impede que os cooperados tenham uma previsão de vendas. Além disso, a questão logística também é apontada como limitadora.

— Cerca de 3% das nossas vendas são feitas diretas ao consumidor (pela internet, mas sem lojas intermediárias). Para esse consumidor receber o produto é preciso pagar o custo dos Correios, que não é baixo. Tem também a questão que os Correios muitas vezes não querem transportar produtos que quebrem. Tudo isso tem que ser levado em consideração — afirma Fritsch.

Com o custo elevado para o transporte, Fritsch explica que o consumidor faz uma primeira compra individual pela internet e depois procura os produtos em lojas especializadas em suas cidades.