A liberação pelo Ministério da Agricultura é necessária porque a lei só autoriza o seguro de lavouras semeadas dentro do período oficial indicado pelo governo federal, mas as alterações severas no clima estão levando os produtores do Paraná a estratégias como semear variedades de soja de ciclo indeterminado fora do zoneamento indicado. A principal característica desta planta é a capacidade de floração escalonada. A vantagem é que a planta pode se recuperar de um estresse hídrico que ocorreu no momento da formação de uma etapa de floração e praticamente manter o potencial de produção.
Segundo a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, Tecnologia da Nossa Terra (Coodetec), instituição de pesquisa ligada à Ocepar, hoje, 70% do plantio de soja no Paraná é de variedades com ciclo indeterminado. Para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), antecipar o plantio pode não trazer consequências para a lavoura que foi semeada mais cedo, mas para aquelas que foram plantadas dentro do período padrão.
Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná, o zoneamento para a soja, que normalmente é determinado no primeiro semestre, foi adiado em razão do pedido de antecipação feito pela Ocepar.
O assunto está em discussão e não há prazo para uma resposta, mas, de acordo com o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, caso a antecipação seja liberada, é necessário que a assistência técnica das entidades envolvidas monitore de perto as pragas e doenças para que a sua disseminação seja evitada.
? Eu chamaria a atenção basicamente para a ferrugem asiática da soja, que teria uma população maior de esporos de forma antecipada no período imediatamente após o vazio sanitário, e essa população de esporos ficaria se multiplicando para infectar regiões semeadas posteriormente. Da mesma forma, uma população faminta de percevejos, com certeza, vai migrar dessas áreas plantadas mais cedo para as áreas semeadas posteriormente ? alertou o especialista.