A JBS defendeu em painel realizado hoje (1º) na COP28, a necessidade da criação de um programa nacional de rastreabilidade de gado, além do apoio para que pequenos produtores possam avançar em práticas de agropecuária regenerativa. A defesa foi feita por Sheila Guebara, líder de Ações Climáticas da JBS Brasil, durante o painel “Caminhos para uma Pecuária Regenerativa e Rastreável”, realizado no pavilhão brasileiro da conferência climática, que debateu a importância, os desafios e as formas de viabilizar o monitoramento de todo o rebanho bovino brasileiro.
A executiva falou sobre a necessidade de uma atuação coletiva entre os vários agentes envolvidos no setor para avançar na questão da rastreabilidade de todos os elos da cadeia de fornecimento, que hoje é o grande desafio da pecuária brasileira. Para esse enfrentamento, a criação de um programa nacional para rastrear o gado significaria um grande avanço. “Trabalhar ação climática passa necessariamente por rastreabilidade e por promover uma pecuária regenerativa e de baixo carbono. A JBS vem defendendo, há algum tempo, a necessidade de um sistema e de uma política nacionais nesse sentido, obrigatórios a todos os elos. Isso é o que vai trazer transparência e credibilidade para toda a cadeia. A gente já vem fazendo a nossa lição de casa. Com a Plataforma Pecuária Transparente, temos o compromisso de, até 2025, termos 100% dos nossos fornecedores diretos monitorando os seus respectivos fornecedores. Para 2023, tínhamos uma meta de termos 57% de nossa base já cadastrada e estamos felizes de encerrar o ano com 62%”, disse Guebara.
A representante da JBS lembrou que, há quase 15 anos, a companhia já monitora seus fornecedores diretos por meio de um sistema geoespacial e que o desafio setorial é justamente o de levar o mesmo controle aos demais elos da cadeia. Guebara também mencionou a necessidade de apoiar os pequenos produtores para que possam adotar práticas da agropecuária regenerativa, como a utilização de tecnologias e implementação de sistemas agroflorestais biodiversos, além de financiamento para identificação de animais. Tudo com um objetivo: melhorar o sustento de pequenos agricultores e suas comunidades. “É uma série de ações: eu monitoro e bloqueio quem não está adequado, mas é necessário pensar formas também de reintegrar esses produtores bloqueados. Por isso, temos feito também um trabalho importante com os nossos Escritórios Verdes, que já ajudaram na regularização e no apoio a cerca de 19 mil produtores para aplicação de boas práticas de pecuária regenerativa”, afirmou.
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Também participaram do painel, Joaquim Bento de Souza, professor titular do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP); Luiza Bruscato, diretora executiva da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável; Ricardo Negrini, procurador da República no Ministério Público Federal; e Pedro Burnier, gerente do Programa de Pecuária da ONG Amigos da Terra, com moderação de Renata Potenza, coordenadora de Projetos de Clima e Cadeia Agrícola da Imaflora.
Os painelistas apontaram a necessidade de uma atuação conjunta para garantir a questão da rastreabilidade e avançar em uma cadeia regenerativa. “Hoje, o sistema de rastreabilidade por excelência que conseguimos adotar são as GTAs (Guias de Trânsito Animal), acessíveis ao Ministério da Agricultura. Mas esse sistema apresenta vários pontos de deficiência: não é individual e os frigoríficos só têm acesso às GTAs de seus fornecedores diretos, não dos demais elos. Todos esses desafios atrapalham a rastreabilidade e, consequentemente, a garantia da sustentabilidade. Mas já temos boas perspectivas e iniciativas importantes sendo adotadas para garantir a rastreabilidade individual”, explicou o procurador Ricardo Negrini.
No campo técnico em termos de redução de emissões e captura de metano, outro desafio para a sustentabilidade da pecuária, o professor Joaquim Bento de Souza trouxe exemplos de como o manejo de pastagens e da digestibilidade dos animais podem contribuir para avançar nesta frente. “Temos um grande potencial de extração de carbono no solo e temos que prestar atenção nessa oportunidade de fixação. Isso teria potencial de neutralizar as emissões na pecuária brasileira.”, afirmou.
Pedro Burnier, da Amigos da Terra, reforçou a importância da inclusão e incentivo ao produtor para avançar em práticas regenerativas. “É necessário um sistema de requalificação e também incentivos paralelos para atingirmos o primeiro elo da cadeia, para que inclusive o criador de bezerro receba um benefício que contribua para a adoção de práticas mais sustentáveis. É necessária uma associação entre produtores, indústria, governo e ONGs para atingir toda a cadeia”, afirmou.
A participação dos produtores no debate, como importantes agentes da cadeia, foi reforçada por Luiza Bruscato, da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável. “Uma questão que é muito importante é trazer o produtor rural para o debate. Ele tem que se empoderar e entender que tem papel fundamental para a mudança, que vai vir da terra. O setor produtivo precisa estar engajado e perceber que, sem ele, não vamos conseguir fazer nenhuma mudança de fato”.
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