Coreia do Sul compra ração da América do Sul em detrimento da Índia

Preocupação com a qualidade do trigo é o principal motivo para a mudançaOs processadores de ração da Coreia do Sul estão recorrendo à América do Sul para atender a parte das suas necessidades de importação de trigo devido a preocupações com a qualidade do cereal vindo da Índia, disseram executivos de tradings e importadores, nesta terça, dia 8.

A Coreia do Sul tem emergido como um dos países que mais importam trigo da Índia, tendo comprado quase um milhão de toneladas em 2012 para uso em alimentação animal. No entanto, moinhos domésticos relataram que o produto contém altos níveis de resíduos, empurrando para cima os custos de processamento. O trigo da Índia não é usado para consumo humano na Coreia do Sul.

Embora não seja comum o embarque de trigo sul-americano ao Leste Asiático, importadores estão considerando a opção economicamente viável devido a uma produção menor e mais cara da Austrália e da região do Mar Negro. Na semana passada, o maior processador de ração sul-coreano, Nonghyup Feed (Nofi), adquiriu uma carga de 60 mil toneladas de trigo da América do Sul da trading Glencore, a US$ 331,00/t (CFR), para entrega em 1º de abril.

As importações anuais sul-coreanas de trigo para ração variam entre 1,5 milhão de toneladas e 2,3 milhões de toneladas, dependendo dos preços e da viabilidade de substituição com milho.

“O nível de impurezas no trigo da Índia, como sacos, pedras e aço, é muito alto, e a limpeza no porto e no moinho pode custar até US$ 5,00/t”, disse um executivo da Nofi.

A empresa compra pelo menos 500 mil toneladas de trigo para ração por ano. No ano passado, importou 200 mil toneladas de origem indiana. Aproximadamente metade do volume adquirido já foi entregue. No primeiro semestre do ano passado, os moinhos da Coreia do Sul compraram trigo da Austrália, do Canadá e dos Estados Unidos, mas se voltaram para a Índia a partir de junho por causa do preço mais barato.

Os preços do trigo indiano para entrega em portos do Leste Asiático estavam entre US$ 12,00/t e US$ 15,00/t mais baixos do que as variedades mais baratas da Austrália e dos Estados Unidos e US$ 25,00/t inferiores ao valor do cereal produzido no Leste Europeu.

Exportadores indianos confirmaram que existem impurezas nas cargas, originadas em espaços de estocagem do governo instalados em plataformas abertas e cobertos com folhas de plástico, devido à falta de espaço em armazéns fechados. Segundo eles, qualquer limpeza mecanizada antes do carregamento envolveria um custo de até US$ 10,00 por tonelada.