O pessimismo no mercado continua com a rápida disseminação do novo coronavírus pelo mundo. Nesta semana, pela primeira vez, o números de novos casos da doença foi o maior fora da China.
No mercado de alimentos, as expectativa é saber agora, até quando o vírus continuará oferecendo oportunidades, principalmente para o mercado brasileiro. Para o economista da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, no curto prazo, o setor irá sentir mais os impactos.
“Estamos vendo as cotações oscilando um pouco, muito por conta da piora das condições de logísticas e entregas das mercadorias. Mas ao contrário do minério de ferro e petróleo, a demanda por alimentos na China e no mundo vai voltar e seguirá bastante forte, onde estoques terão que ser refeitos. E com isso, se olharmos um pouco mais adiante, a expectativas são de tranquilidade em relação aos preços dos produtos agrícolas do Brasil”, afirma Barros.
“Nesse meio tempo, a desvalorização do Real, auxilia a formação dos preços de produtos agrícolas em reais, então eu acho que volta a melhorar. Mas no curto prazo, realmente os mercados estão muito tumultuados, e incerteza no mercado tende a paralisar as negociações”, diz.
Recuperação da economia chinesa
Barros explica ainda que a economia do gigante asiático já demonstra também, expectativa de melhora. Isso porque, o número de pessoas afetadas pela doença está caindo. Em uma pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio da China, revela que cerca de 20% das empresas estariam operando normalmente até o fim desta semana. Já outros 28% admitiram que até o fim de março, voltariam ao ritmo de trabalho.
“Ou seja, existe uma retomada, lenta e difícil da produção. Isso leva acreditar que até o fim de abril, uma parte da máquina econômica chinesa, que é importância para o mundo, estará operando mais próxima da normalidade. Mas é preciso lembrar que, o que se perdeu nesse período não será recuperado”, alerta Barros.
Greve dos caminhoneiros x coronavírus
Barros relaciona ainda o impacto no novo coronavírus na economia chinesa com a greve dos caminhoneiros no Brasil, que ocorreu em maio de 2018, com duração de 10 dias, e travou todo o sistema de distribuição de alimentos, commodities e combustíveis.
“Mesmo durando poucos dias, a greve dos caminheiros mostrou que o nosso PIB de 2018 não se recuperou como era o esperado e perdemos uma boa parte do crescimento. E para muitas empresas, a normalidade dos estoques levou mais de três meses para retomar aos patamares normais.
“É exatamente o que será reproduzido na China. Onde um pedaço do crescimento vai embora, onde a expectativa de crescimento em 6% deve ser reduzida para 5% no país”.