Com o avanço do coronavírus na China, o agronegócio começa a ficar em alerta, principalmente com a possibilidade da doença impactar o fábricas chinesas de insumos agrícolas e consequentemente o fornecimento dos produtos. Além disso, há também a perspectiva de que o vírus atrapalhe o fluxo logístico no país asiático.
De acordo com levantamento da Markestrat Consulting Group, a China é a principal fornecedora de insumos para o Brasil. Em 2019, 38% dos defensivos vieram do gigante asiático, contra 14% da Índia, 12% dos Estados Unidos, 9% da Colômbia e 7% de Israel. O estudo também aponta que em relação aos produtos usados nas lavouras, a China foi responsável por enviar 100% do glifosato usado no Brasil, 99% do paraquat e 40% do alaclor.
“A China é uma grande exportadora e nesse caso, ela comercializa alguns insumos agrícolas, como defensivos. A preocupação que temos é sobre como vai se comportar essa entregas. Nós temos entre um mês e um mês e meio de paralisação na província onde foi descoberto o coronavírus. Dentro da geografia da China, você tem a doença ali na parte central mas já indo para o sudeste e o sudeste é onde se concentram as principais fábricas”, diz o José Carlos Lima, diretor da consultoria.
Segundo ele, os estoques dos produtos na China até existem, mas não se sabe em qual volume disponível. “E no Brasil temos aumento da demanda em maio e outubro, quando os produtores investem mais pesado”, comenta. Ele pondera ainda que mesmo após o processo de retomada da produção, há grande tempo para desembaraço e transporte das mercadorias para o Brasil.
Dólar
Apesar da disparada recente do dólar, Lima afirma que o produtor ainda pode conseguir o produto com bons preços. Isso porque as empresas ainda possuem certos estoques com dólar mais baixo. “Esse é o momento de comprar pois não se sabe como o surto do coronavírus vai se comportar. Lembrando que a disseminação da doença já está além da China”, diz.