Sojicultores do oeste de RS investem na correção de solo

Produção no oeste do Estado é tradicional no cultivo de arroz. Agora, os produtores começam a procurar soluções para viabilizar a oleaginosa em solos arenosos e de várzeas

Roberta Silveira | Manoel Viana (RS)

A Expedição Soja Brasil visitou o município de Manoel Viana, a 468 km de Porto Alegre, que é conhecido por cultivar a soja em áreas de arroz e, também, do cultivo em terrenos arenosos. Por causa disso, os produtores da região investem na correção de solo e são atentos ao manejo das lavouras.

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Ao visitar as propriedades da região, foi possível encontrar o desenvolvimento da soja sobre o arrozal, que é cultivado em terrenos de várzeas. Para se produzir nessa região, não dá para fazer o plantio direto, que se aproveita a matéria orgânica da cultura anterior. O produtor Antônio Nemitz está aguardando o tempo firmar sem chuva para entrar com as máquinas e fazer o preparo do solo.

Nemitz cultiva soja duas vezes seguida e depois o plantio é de arroz. Ele diz que o custo de produção da soja é maior porque o terreno úmido aumenta a incidência de fungos, com isso é preciso aplicar mais fungicidas. A variedade tem que ser tolerante ao excesso de umidade do solo. O rizicultor gaúcho está até ensinando outros colegas que também querem cultivar soja.

– Não é fácil. A gente vem criando uma nova tecnologia para produzir soja na várzea. Nestas áreas alagadas de arroz – diz.

No Rio Grande do Sul, a área de soja é de mais de 5 milhões de hectares. Cerca de 500 mil vão ser cultivados em áreas de arroz. O dobro do que foi na safra 2013/2014.

– Hoje, o arroz precisava remunerar mais porque é uma cultura que tem um custo muito alto de implantação, muito manejo e exige uma maquinaria diferenciada – explica o engenheiro agrônomo Luciano Araújo Freitas.

Em Manoel Viana, parte da soja que não é cultivada nas várzeas já foi plantada em outubro. Nas plantas, ainda pequenas, encontramos lagartas Helicoverpa armígera. A lavoura visitada vai receber inseticida para evitar o aumento.

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Além disso, outra coisa chamou atenção. Na beira da estrada é possível ter noção da condição do terreno da propriedade. É um solo bem arenoso, basta pegar um punhado na mão que a terra se esfarela toda. É areia mesmo. Se não fizer o manejo muito bem feito, pode haver um processo de desertificação.

– Primeiro se trabalha com a correção de fósforo, potássio e nitrogênio. Depois a gente vai fazer um ajuste mais fino. Trabalhamos alguma coisa com micronutrientes. Sempre trabalhamos com calcário e, nos últimos anos, a gente também tem feito uso do gesso agrícola – explica a produtora Carla Nemitz.

Some tudo o que Carla falou a 20 anos de manejo bem feito. O resultado é um solo melhor para o cultivo. Basta tirar um pouco a palhada para ver a diferença da terra. A produtividade é de 50 sacas por hectare, em média. Aqui não pode haver descuido para manter a terra produtiva.

– Isso demonstra que estamos no caminho certo. Mas a gente tem que sempre estar muito atento e melhorando cada vez mais para gente se distanciar cada vez mais desta situação (desertificação) – completa Carla.

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Acompanhe o trajeto da Equipe 2 da Expedição Soja Brasil:

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