A proposta de orçamento apresentada pelo presidente Barack Obama entra em vigor no ano fiscal 2010 e inclui cortes nos pagamentos de grandes agricultores, com renda anual acima de US$ 500 mil. Além disso, reduz subsídios do seguro rural e elimina créditos para armazenagem de algodão. Também fixa um teto de US$ 250 mil para o apoio financeiro dado aos produtores rurais.
O corte total previsto para os programas de auxílio à agricultura deve ser de US$ 16 bilhões entre 2010 e 2019 ? uma redução de US$ 9,8 bilhões no pagamento direto aos maiores agricultores. A ajuda ao seguro para a safra seria reduzida em US$ 5,2 bilhões. Para a armazenagem de algodão, estão previstos menos US$ 570 milhões em reduções de créditos.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as propostas do presidente norte-americano não devem se traduzir em grandes benefícios para a agricultura brasileira.
? Não é uma reforma muito profunda. O impacto vai ser bastante limitado no Brasil. O limite de US$ 250 mil é a única proposta que tem efeito na política agrícola brasileira. Vamos torcer para que essa Farm Bill possa ser reformada da maneira ideal ? diz o assessor técnico da organização, Matheus Zanella.
Para o analista político Thiago de Aragão, da Arko Advice, do ponto de vista do Brasil o ideal seria um corte de pelo menos 50% dos subsídios totais oferecidos aos agricultores norte-americanos, e num espaço de tempo mais curto.
? Houve várias tentativas nessa área, inclusive antes do governo Bush, cada uma baseada numa situação diferente. A de Bush era um corte mais factual, pontual, que não tinha um impacto de longo prazo como o plano de Obama ? compara.
O plano apresentado por Obama prevê gastos de US$ 3,55 trilhões para o ano de 2010. Desses, US$ 20 bilhões serão destinados a financiamentos e subsídios de atividades rurais.