Nos últimos dias, as cotações do algodão em pluma no Brasil têm caminhado em sentido contrário ao observado no mercado internacional. Enquanto a aproximação da safra brasileira e a retração compradora pressionam os valores domésticos, no mercado internacional, a divulgação do relatório do USDA, indicando uma das piores secas no Texas, prejudicando parte da produção norte-americana, elevou os valores dos contratos de curto prazo na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Além disso, os preços externos também subiram devido à necessidade de travar preços por parte das indústrias que tinham adquirido opções de compra na bolsa ? o prazo de fixação de preços era até quinta, dia 23.
No acumulado deste mês, o Indicador registra expressiva queda de 13,8%. Já na Bolsa de Nova York, o vencimento de Julho/2011 teve alta de 1,41% em junho, fechando a US$ 1,6091 por lp na terça.
Segundo o USDA, 27% das lavouras norte-americanas estavam em condições boas ou excelentes até domingo, dia 26, contra 62% no mesmo período de 2010. As condições médias eram 32%, as mesmas 32% de 2010. Já as condições ruins ou muito ruins chegaram a 41%, contra apenas 6% em 2010.
No Brasil, o avanço da safra é esperado pelo lado comprador com certa ansiedade. Segundo pesquisadores do Cepea, os contratos feitos anteriormente serão recebidos pelas indústrias, muitos dos quais a preços inferiores dos vigentes no mercado spot. Alguns compradores, ainda, acreditam que produtores precisarão “fazer caixa”, para custear os gastos da nova safra, que terá forte aumento de 66% na área cultivada. Compradores da pluma apontam que o alto custo de produção e os gastos com a colheita e com o beneficiamento ? que, em média, representam mais de 18% do custo operacional de cultivo de algodão no Centro-Oeste, conforme dados do Cepea ? podem fazer com que cotonicultores intensifiquem as vendas da pluma.
Dessa forma, por enquanto, compradores consultados pelo Cepea estiveram no mercado nos últimos dias apenas para verificar os patamares de preços em que vendedores estavam dispostos a negociar, permanecendo retraídos para novos negócios. Apenas aqueles com mais necessidade adquiriram a pluma, e ainda negociaram a valores abaixo da média da última semana, já que parte dos produtores ativos esteve mais flexível. Outros cotonicultores, ainda, seguiram focados na colheita, beneficiamento e entrega da pluma já negociada antecipadamente.