Enquanto algumas máquinas trabalham no campo, outras beneficiam o algodão que já foi colhido. O ritmo é acelerado para atender à crescente demanda do mercado. Muitos produtores apostaram no algodão adensado e estão retirando bons resultados do campo. A soma do manejo correto da plantação, do uso de máquinas adequadas para a colheita e de algumas adaptações nas usinas de beneficiamento resultou em um produto com qualidade, que em nada deixa a desejar para o algodão convencional.
? A qualidade do algodão é mensurada pelo HVI, que é um sistema que nós usamos que é um padrão internacional de qualidade. Por esse padrão, foi vendido o algodão convencional. Quer dizer, o preço que nós obtivemos pelo algodão adensado foi o mesmo preço obtido pelo convencional. No MT, nós temos o ímã e ele é voltado especificamente para a área de pesquisa e cuidar da área social e ambiental dos produtores de algodão daquele Estado. Atualmente, o foco do ímã é em pesquisa de variedade e também no aprimoramento da tecnologia do algodão adensado. Eu acho que o ímã tem feito muito bem. O sucesso que nós temos obtido no algodão se deve justamente ao investimento em pesquisa e desenvolvimento. Sem o ímã, nós não teríamos importado essa tecnologia, trazido máquinas dos EUA, fomentado com técnicos o cuidado da pesquisa ? diz o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gilson Pinesso.
Apesar de ser um modelo de plantio relativamente novo para a cotonicultura brasileira, os resultados obtidos são superiores aos que foram alcançados em outros países que já testaram o cultivo adensado.
? No Brasil, é totalmente inédito. Não existe em outro país a produção de algodão na maneira que nós produzimos, Isso é importante. No Texas, o algodão está pobre. Porém, a condição é essa: não tem chuva, a terra não é fértil. Então, não pode comparar um com o outro. É um sistema que depende do solo, parte técnica, habilidade dos produtores, investimento que faz no solo que vai produzir isso. Adensado brasileiro vai ser adensado brasileiro, não podemos comparar com outro nesse sentido. Na minha opinião, vai ser melhor do que qualquer algodão, porque nós vamos ter algodão que nós achamos mais maduro. A tendência do Brasil é que nós temos plantas de muito tempo na lavoura, ciclo convencional. E isso dá doenças, problemas na colheita. Então, nós achamos que o adensado e o safrinha vai passar quase 100% em MT, em dois anos não vai ter mais convencional, e isso acho que é muito bom, vai ter algodão melhor e mais maduro ? diz o consultor Andrew MacDonald.
Esta confirmação amplia o espaço para o algodão adensado produzido do Brasil. Afinal, apesar das diferenças entre os métodos de cultivo, o produto final é o mesmo. Com qualidade e tecnologia, os agricultores podem ter preços melhores.
? Nós não teremos diferenças desde que todos tenham os devidos cuidados. Aliás, eu até digo que se a gente cuidar mal do algodão convencional ele pode ter qualidade pior do que aquele adensado que a gente cuidar bem. Então, se a gente cuidar bem dos dois no processo de cultivo, colheita e beneficiamento, sem dúvida nenhuma teremos os dois como um só: a mesma qualidade e com o mesma prestígio que o algodão conseguiu, esta mesma reputação do algodão de alta qualidade que o mundo produz ? avalia o diretor comercial da Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde (Cooperfibra), Carlos Alberto Menegati.
Com bons resultados, os produtores esperam aumentar a área plantada com o adensado nas próximas safras.
? Os produtores de mato grosso são realmente produtores de ponta e produtores que são inovadores. Você vê que no ano passado, em um teste, nós já plantamos cinco mil hectares. Esse ano, nós plantamos 52 mil hectares no MT, e eu acredito que nós iremos para 100, 120 mil hectares nessa próxima safra. Então, eu creio que essa tecnologia já está consolidada. Ao longo dos próximos quatro ou cinco anos, nós vamos estar produzindo muito algodão, com bastante produtividade e bastante qualidade ? conclui Pinesso.