Em Chapadão do Sul, compra do produto não era comum, mas, com a dificuldade em acessar os financiamentos, mais da metade dos produtores aderiram ao serviço
Manaíra Lacerda | Chapadão do Sul (MS)
Apesar de ser uma prática proibida, a venda casada levou muitos produtores a aderir ao seguro rural nesta safra, é o que alegam os sojicultores ouvidos pelo Soja Brasil em Chapadão do Sul, em Mato Grosso do Sul. Os agricultores do município não tinham a tradição de contratar o serviço, mas, nesta safra, cerca de 60% dos produtores aderiram ao serviço para conseguir a liberação de crédito.
Risco baixo, clima favorável com a soja crescendo sem obstáculos. Em Chapadão do Sul, o produtor não costuma ter preocupação com perdas de produção e, por consequência, não veem a necessidade de contratar o seguro rural. Só que o cenário mudou e a contratação cresceu. Os bancos podem pedir a contratação de seguro como garantia de que o produtor rural vai quitar o financiamento, mas isso é avaliado pelo risco de quebra de safra em cada região.
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O agricultor João Chrestani é um exemplo, ele aderiu ao produto para financiar R$ 2,6 milhões de custeio. Segundo Chrestani, os juros, que deveriam ser de 8,5%, chegam a 12% ao ano por causa do seguro. Em 35 anos de produção, essa é a primeira safra que o sojicultor contrata o seguro rural para a lavoura de soja. Ele está pagando pelo serviço a contragosto, mas foi o único jeito para conseguir o dinheiro do custeio.
– Nós acabamos fazendo o financiamento e na hora de receber o dinheiro nos passaram que teria a obrigação do seguro agrícola. Como nós estávamos precisando do dinheiro, nós pegamos. O que vai acontecer é que vai onerar mais para nós e não vai trazer beneficio nenhum – reclama o agricultor.
A venda casada é proibida e a contratação do seguro rural é um dos temas de debate na Caravana Soja Brasil, que está viajando por Mato Grosso do Sul. Segundo o delegado da Associação dos Produtores do estado (Aprosoja-MS) Lauri Dalbosco, o custo do seguro na região não costuma passar de uma saca por hectare com a subvenção do governo federal.
– O custo não é tão elevado assim. Nós temos recomendado aos associados que procurem seus bancos para estudar melhor o assunto, porque dá maneira que está desenhado, agora é altamente viável que se faça o seguro – explica Dalbosco.
O consultor em seguro rural Arnaldo Gaspar Filho defende que o serviço é um bom negócio, mesmo em regiões de baixo risco, como é o caso de Chapadão do Sul.
– Se você for ver a diluição deste custo, ao longo do tempo você vai ver que se encaixa perfeitamente dentro do orçamento do produtor. Com o momento que nós vivemos, de mudanças climáticas, não é possível imaginar que haverá prejuízos por causa do clima nos próximos anos – argumenta Gaspar Filho.
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