Em São Paulo, começou nesta quinta, dia 21, e vai até sexta, dia 22, uma feira especializada em produtos orgânicos. Empresários e lideranças pedem mais apoio aos produtores.
A empresa Monama está no mercado de orgânicos há pouco mais de um ano. Comercializa produtos padronizados, mas aposta também no que chama de linhas personalizadas. A mistura de granola, por exemplo, pode ser vendida simples, ou com uma receita especial, feita pelo cliente.
? Existem pessoas que tem intolerância a alguns tipos de alimentos, como o glúten, a lactose. Então a personalização vem para isso ? explica a sócia da empresa, Camila Fortes.
A empresa participa pela segunda vez da feira que ocorre em São Paulo, junto com outros 200 expositores. E, se há alguns anos, o setor de orgânicos era bastante associado a produtos in natura, hoje a realidade é outra. Cerca de 90% do que está sendo exposto é de processados. Alimentos, bebidas, cosméticos, roupas e produtos de limpeza. Os organizadores esperam a visita de mais de 20 mil pessoas.
? Quando o lojista está aqui, chega próximo de um estande que está lotado de consumidores interessados naquele produto, ele pode ter uma visão do que é interessante para ele ter na gôndola da loja. A feira costuma, aqui no evento, cobrir de 30% a 40% de todas as vendas dos expositores. Isso é uma média ? explica a gerente do evento, Lúcia Cristina de Buone.
O faturamento do setor de orgânicos no Brasil cresce, em média 40% ao ano. Segundo representantes da cadeia produtiva, um em cada três supermercados do país tem esse tipo de produto. A demanda no mercado interno está cada vez maior. Mas a oferta não tem crescido na mesma velocidade.
O presidente da Associação Brasileira de Orgânicos, José Alexandre Ribeiro, explica que o setor tem exportado menos para atender o mercado interno. Recentemente dois terços da produção iam para fora do país. Hoje, ficam aqui. Ele comemora o maior interesse do consumidor brasileiro, mas pede incentivo à produção para equilibrar a oferta e a demanda.
? Nós temos que diminuir o Fisco pelos benefícios que o movimento orgânico traz. Nós temos que estruturar cada município do nosso país novamente com as bases técnicas de respaldo aos pequenos produtores, que são a base do movimento orgânico, é a agricultura familiar ? relata.
A empresária cita mais uma dificuldade. Para ela, falta abertura do mercado varejista para os produtos orgânicos.
? A pessoa não está acostumada com o conceito do orgânico. Então, ela trata o orgânico um pouco com descaso, como se fosse a maioria dos alimentos que não é ? comenta Camila.
Segundo a Associação Brasileira de Orgânicos, em todo o mundo, o mercado de produtos orgânicos movimenta US$ 60 bilhões por ano. No Brasil, apesar do forte crescimento médio anual, o setor movimenta US$ 700 milhões por ano.