Basta dar uma volta pelos corredores e também nas palestras do Etanol Summit, para ouvir de todos a mesma resposta sobre o grande desafio do setor para as próximas décadas.
? Crescer e crescer com qualidade e sustentabilidade. O setor tem duas coisas que normalmente o mercado adora, que é crescimento e a rentabilidade. Ele tem toda capacidade do mundo para estar captando recursos, seja aqui ou lá fora. Dinheiro para crescer não vai faltar ? disse Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA.
Por que, então, o setor está estagnado? Desde 2003, a quantidade de carros flex no mercado cresce em média 10% ao ano. É preciso dar conta da demanda, construir mais usinas e melhorar a logística. O problema, segundo Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, é que o volume de cana se mantém o mesmo há três safras. Segundo ele, o setor aguarda um plano mais claro e elaborado do governo para novos investimentos.
? O país está perdendo a chance de ter um consumo maior de etanol. A oferta e a demanda estão em equilíbrio, mas poderiam estar em uma situação diferente. Esperamos que haja a possibilidade da definição de uma meta global, e que esta meta direcione a política fiscal sobre combustíveis e induza o setor privado a fazer investimentos ? declarou Plínio Nastari.
Neste ano o Brasil chegou a importar etanol dos Estados Unidos. Para que o produto não falte no mercado, todos apontam para o mesmo horizonte: aumentar a moagem, captar investimentos nacionais e estrangeiros, renovar os canaviais, melhorar a logística e, principalmente, construir novas usinas. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, que esteve presente ao evento, afirmou que a produção do biocombustível no Brasil precisa aumentar para que o país não perca a credibilidade que conquistou nos últimos anos.
Existem hoje 60 projetos em andamento, mas todos com prazo indeterminado. E para dar conta de toda a demanda, segundo especialistas do setor, pelo menos mais cem usinas deveriam ser criadas.
? Nós estamos projetando para um universo até 2020, 400 milhões de toneladas de cana que significam pelo menos mais 100, 150 usinas. Se não fizermos isto, não vamos conseguir atender todo mercado que temos que atender ? afirmou Eduardo Pereira de Carvalho, conselheiro e ex-presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).