Crescimento de oferta de etanol começa a ser discutido, diz Unica

Discussões para o aumento de produção de combustível começam seis meses após a crise de oferta e de preços do combustívelAs discussões entre o setor produtor de etanol e o governo para o aumento de produção de combustível, por meio de novas destilarias, começarão agora, seis meses após a crise de oferta e de preços do combustível. Segundo o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, desde a disparada nos preços do etanol, entre fevereiro e março, no auge da entressafra da cana, as conversas entre o setor produtivo e o governo foram em torno da garantia de abastecimento de etanol para

? O que se fez neste ano melhorou muito o sistema de abastecimento, principalmente do anidro. Agora vamos começar a falar sobre o crescimento ? disse o executivo, que participa do Fórum Internacional sobre o Futuro do Etanol, em Sertãozinho (SP).

De acordo com Jank, o abastecimento de anidro, misturado em 25% à gasolina, será obtido com o aumento de produção local, a importação para suprir a demanda adicional, uma política estocagem e ainda a contratação deste tipo de etanol obrigatória a partir da próxima safra.

? Teremos muito mais segurança na próxima entressafra ? garantiu.

Indagado sobre quais as sugestões que a Unica dará ao governo nas discussões sobre um programa de crescimento para o setor, Jank citou medidas tributárias, como a desoneração do ISS e do PIS/Cofins e a redução do ICMS.

? A grande questão é dar competitividade ao etanol hidratado, principalmente para viabilizar os novos investimentos previstos. O setor tem de dar a contribuição, com a redução de custos de produção ? explicou.

Segundo estimativa da Unica, a capacidade de processamento do parque sucroalcooleiro, atualmente em 600 milhões de toneladas (t) de cana por safra no Centro-Sul, pode saltar para 750 milhões com a melhoria do tratamento das lavouras e saltar em mais 200 milhões de t, para 950 milhões de t, com a ampliação das unidades já existentes.

? Já o crescimento por meio de novas usinas, que devem agregar mais 400 milhões de t até 2020, depende dessas negociações com o governo ? concluiu.

Negociação

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas Agro (FGV Agro), fez nesta segunda, dia 29, duras críticas à falta de união do setor sucroalcooleiro e defendeu a coesão dos empresários para negociar com o governo uma política para o aumento de produção de etanol.

? O setor não se articula porque só tem cacique, não tem índio. E cada cacique quer falar sozinho com a presidente. Eu já fui ministro e pedir uma coisa só para si é melhor para o governo, que não dá nada para ninguém; por isso é preciso articulação ? disse Rodrigues.

O ex-ministro cobrou uma estratégia integrada nas negociações com o poder público no momento considerado histórico por ele, diante da demanda mundial por energia renovável e ainda alimentos.

? O mundo espera, pela primeira vez na história, o socorro do Brasil e nós aqui na estação esperando o trem e jogando truco. Vamos ter o mínimo de humildade, companheirismo e fazer essa estratégia ? completou.

Por fim, o ex-ministro utilizou o projeto “Sou Agro”, criado recentemente com o intuito de difundir o agronegócio para a população urbana, para exemplificar a falta de união do agronegócio. Segundo ele, a adesão ao projeto ainda é pequena e basicamente restrita aos setores primários da agropecuária.

? Agricultor e pecuarista tiraram dinheiro do bolso; frigorífico, indústria de tecidos, indústria de máquinas agrícolas e bancos não colocaram dinheiro no negócio ? concluiu.