Nos últimos seis meses, um grupo de técnicos do Comitê fez estudos no Triângulo Mineiro e identificou um perímetro de 240 mil hectares para criar unidades de conservação envolvendo os municípios de Uberaba, Uberlândia, Sacramento e Nova Ponte. Mas o projeto gerou polêmica. Os produtores rurais estão preocupados com a possibilidade de perder boa parte das principais áreas produtivas da região.
As discussões esquentam em assembléias, reunindo conselheiros do comitê e todas as lideranças envolvidas com a bacia hidrográfica do Rio Araguari. O produtor rural José Humberto de Resende quer que as decisões sobre os recursos naturais da região fiquem apenas com os órgãos oficiais, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF e IRGAM), que dita sobre as águas em Minas Gerais.
? Nós somos favoráveis sim, não somos cabeça fechada nesse sentido, mas só não queremos que seja administrado por um conselho, nós queremos ser administrados pelo IEF E IRGAM, porque aí existe seriedade e comprometimento também com a produção ? disse José Humberto de Resende.
O assessor Jurídico do Sindicato Rural de Uberaba, Marco Túlio Machado Borges Prata, diz que o projeto não fez nenhum levantamento sobre impactos sociais e econômicos caso as unidades de conservação sejam criadas no Triângulo Mineiro.
? A grande produção agrícola do nosso município está nesta área e vai sofrer restrições extremas com a criação de uma unidade de conservação. Nós temos dados da Secretaria de Agricultura de Uberlândia que mostra que 80% da produção de grãos daquele município está nesta área e vai ficar inviável caso seja aprovada a unidade nos moldes que estão sendo propostos pelo comitê ? declarou Marco Túlio Machado Borges Prata.
O presidente do Comitê Bacia Rio Araguari, Wilson Shimizu, procurou esclarecer as intenções do programa e garantiu que o produtor que estiver dentro da legislação, produzindo fora de áreas de Preservação Permanente (APP) não tem com que se preocupar.
? Todo processo para implantação de uma unidade de conservação tem que ser precedido de estudos rigorosos e técnicos com muito diálogo com a comunidade e os usuários que já estão na bacia. Não tem o objetivo de criar uma unidade para trazer mais conflito para a bacia. Pelo contrário, queremos disciplinar o uso da água com qualidade. Não é para expulsar ninguém que esteja produzindo corretamente ? falou Wilson Shimizu.