? As reuniões são produtivas e uma oportunidade para elevar o diálogo e intensificar as negociações ? comentou o ministro.
Rossi considera que a criação do comitê é um marco nas relações entre os dois países.
? As próprias autoridades russas deixaram isso claro ao realçarem o peso da parceria com o Brasil.
Nas reuniões de cúpula, o ministro expôs a situação da produção rural brasileira, que este ano bateu recorde de safra, superior a 149 milhões de toneladas de grãos. Ele mostrou ainda como a pecuária nacional está buscando ganhar competitividade, assumindo compromissos com a redução dos gases de efeito estufa. Rossi destacou as políticas de desenvolvimento sustentável empreendidas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para elevar a produtividade e garantir a preservação do meio ambiente.
Ainda nesta segunda, o representante brasileiro esteve reunido com a ministra do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Elvira Nabiulina. Um dos principais itens da pauta de negociações com o governo do presidente Dmitri Medvedev é a ampliação do acesso das carnes brasileiras ao mercado russo. Ao mesmo tempo, os russos querem ampliar a pauta de exportações para o Brasil.
Segundo Rossi, as autoridades russas sinalizaram que ainda em outubro devem ser definidas novas regras para países fornecedores de produtos agropecuários, o que poderá beneficiar diretamente o Brasil. Ele aproveitou os dois encontros para convidar as ministras a visitarem o país no próximo ano.
Carnes
As carnes são um dos principais itens da pauta de exportações, que inclui outros produtos nacionais vendidos à Rússia, como açúcar, fumo e café. Atualmente, o Brasil comercializa carnes bovina, suína e de aves com regras definidas em uma política de cotas, que contempla outros parceiros comerciais russos, como Estados Unidos e União Europeia.
? Não queremos privilégios, mas temos condições de fornecer as melhores carnes para o mercado russo em condições mais vantajosas, inclusive para o consumidor do próprio país ? disse Wagner Rossi.
Uma das medidas em estudo pelos russos é a criação de um regime de tarifas, o que pode vir a ser considerado positivo.
A Rússia tem sido o principal destino das exportações brasileiras de carnes suína e bovina. Apenas de carne bovina in natura, o Brasil embarca anualmente o equivalente a US$ 1 bilhão, o que representa 25% da pauta de exportações brasileiras para aquele país. Mas, diferentemente de Estados Unidos e União Europeia, o Brasil não tem cota específica, acessando a denominada cota “outros países”, por uma opção estratégica.
Fertilizantes
Se por um lado o Brasil quer vender mais carnes, em contrapartida, o governo Medvedev tem interesse em ampliar a participação russa no mercado brasileiro de defensivos agrícolas e fertilizantes. O país asiático é hoje um dos maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil e há interesse dos dois governos em estimular o comércio direto entre empresas russas e compradores brasileiros. Os russos também vêm buscando ampliar a venda de outros produtos, como o trigo, para o mercado nacional.
? As negociações em alto nível serão intensificadas agora, por conta do comitê consultivo, e os primeiros resultados devem sair ainda este ano ? diz Rossi.
Ele adiantou que, por sugestão da ministra Elena Skrínnik, uma nova rodada de conversas deve ser realizada durante a Semana Verde, em Berlim (Alemanha), em janeiro de 2011.
? É uma feira importante e já adiantamos que temos todo o interesse na agenda ? afirma.
Além do ministro Wagner Rossi, integram a comitiva oficial brasileira os secretários Célio Porto (Relações Internacionais do Ministério da Agricultura), Francisco Jardim (Defesa Agropecuária) e Welber Barral (Comércio Exterior), além de funcionários dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e das Relações Exteriores, bem como técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Pelo lado russo, as negociações incluíram o chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário, Sergei Dankvert.
Nesta terça, dia 12 de outubro, Rossi se reúne com importadores russos e empresas brasileiras envolvidas no agronegócio no país asiático. Representantes da iniciativa privada querem ampliar mercados e promover investimentos tanto no Brasil quanto na Rússia.
? É natural que o peso dos mercados dos nossos países desperte interesse do setor privado. Afinal, estamos falando de mercados significativos e potencialmente promissores que estão emergindo no cenário internacional como grandes jogadores ? avalia o ministro da Agricultura.