No acumulado desde o início da atual safra até 30 de abril, a moagem também permanece abaixo da quantidade do ano anterior. Em 2014, nesse período foram processadas 40,30 milhões de ton, contra 41,72 milhões de ton de 2013 – queda de 3,40%.
Apesar do clima mais seco vigente em março e abril deste ano, houve atraso no início de safra em muitas unidades produtoras. Um levantamento realizado pela Unica em janeiro indicava 256 usinas com planejamento de início das atividades até o final de abril. Entretanto, o número de unidades que começaram suas atividades da data foi de 215 empresas, número inferior ao previsto e também abaixo das 236 unidades em operação registradas na mesma data durante a safra 2013/2014.
O diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, comenta que várias usinas postergaram o início de safra devido às condições climáticas. Outro fator adicional que contribuiu para o início tardio das operações refere-se aos atrasos tanto na manutenção durante a entressafra quanto na entrega de equipamentos pela indústria.
O executivo também conta que muitas empresas que anteciparam o início da safra se depararam com problemas de parada, em decorrência da manutenção realizada ao longo da entressafra e das chuvas pontuais que atrapalharam a operacionalização da colheita.
Produtividade e qualidade da matéria-prima
Esse indicador, contudo, não reflete a realidade do setor sucroenergético. Análises laboratoriais indicam que a qualidade da matéria-prima está superior a registrada em 2013. Em contrapartida, há um volume expressivo de cana que não está sendo colhido no ponto ideal de maturação, pois o manejo da colheita está buscando corrigir os problemas oriundos tanto da geada ocorrida na safra passada quanto da seca observada no início de 2014.
Em relação à produtividade agrícola, levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) indica que o rendimento médio da lavoura colhida em abril totalizou 75,30 ton de cana por hectare, uma redução de 9,28% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Açúcar representa apenas 35,69% da produção e etanol
Do volume total de cana processada do início da atual safra, 35,69% foram destinados à produção de açúcar, queda significativa em relação aos 39,36% apurados no mesmo período de 2013. Na última quinzena do mês, a fabricação de açúcar alcançou 930,56 mil ton, contra 1,46 milhão de ton no último ano (queda de 36,12%).
A fabricação acumulada de etanol, por sua vez, atingiu 1,64 bilhão de litros até o final de abril, praticamente o mesmo volume observado em 2013, 1,62 bilhão de litros. Deste total, 524,26 milhões de litros referem-se ao etanol anidro e 1,12 bilhão de litros ao etanol hidratado. Na segunda metade de abril, a produção de etanol totalizou 974,26 milhões de litros, sendo 311,08 milhões de litros etanol anidro e 663,18 milhões de litros de etanol hidratado.
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul em abril somaram 1,81 bilhão de litros, aumento de 10,65% em relação aos 1,64 bilhão de litros do período do ano anterior. Este crescimento decorre essencialmente da expansão do volume comercializado no mercado doméstico, que saltou de 1,57 bilhão de litros para 1,64 bilhão de litros, crescimento de 4,63%.
As exportações, por sua vez, alcançaram 170,28 milhões de litros no mês, mais do que o dobro do exportado em abril de 2013. Rodrigues explica:
─ Esse incremento deve-se a uma janela de oportunidade de exportação ao mercado americano, cuja remuneração foi cerca de 4% superior àquela proporcionada pela comercialização do etanol anidro no mercado interno. Contudo, este é um movimento pontual, não comprometendo a garantia de oferta do produto para o mercado doméstico.
No mercado interno, as vendas de etanol anidro totalizaram 662,12 milhões de litros em abril, aumento de 19,71% sobre o valor registrado no último ano, quando o teor do produto adicionado à gasolina era de 20%. Já o montante comercializado de etanol hidratado, atingiu 979,92 milhões de litros, próximo aos 1,02 bilhão de litros verificados em 2013.
Preço do hidratado deve começar a ceder nos postos
Os preços do etanol devem começar a recuar nos postos de combustíveis do país a partir deste mês. Quase um mês e meio desde o início oficial da safra de cana, as cotações ainda estão sustentadas, ao contrário do que vem sendo observado nas usinas, onde os preços do biocombustível caíram 16,4% nas últimas três semanas.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostram que desde o início da temporada, em 1º de abril, o preço médio do etanol hidratado, usado diretamente nos tanques de combustíveis, caiu 14,5% nas unidades produtoras de São Paulo, para R$ 1,1881 por litro, sem impostos. Apesar disso, o produto não é competitivo ante a gasolina em nenhum Estado nem no Distrito Federal já há sete semanas.