O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está livre para começar o processo de importação do milho geneticamente modificado dos Estados Unidos. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou no começo da tarde desta quinta, dia 6, o atestado de biossegurança de três variedades, duas da Monsanto e uma da Syngenta.
Segundo informações do Ministério, assim que a autorização for publicada no Diário Oficial da União, começará a contar o prazo de 30 dias para contestação da aprovação junto ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). Se não houver contestação, após os 30 dias, os interessados em importar o milho GM devem encaminhar o pedido ao Mapa. Não há limite de volume para importação.
Para o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Mendes, a notícia da liberação é um alívio para os problemas sofridos no mercado interno, com a falta de milho, quebra de safra, preços altos, sobretudo para a suinocultura e avicultura. “As empresas já estão buscando negócios nos Estados Unidos e agora é uma questão de tempo”, explica.
Mendes avalia que a importação de milho norte-americano é a melhor opção para os produtores do Nordeste e do Espírito Santo, por exemplo. “Podem trazer de fora o grão antes comprado em Mato Grosso e que enfrentava a viagem de caminhão até o destino final”, indica ele.
De acordo com a ABPA, já foram importados cerca de um milhão de toneladas de milho da Argentina e do Paraguai. Os Estados Unidos agora são mais uma opção para a abertura do mercado.
Esta semana, a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados realizou audiência pública para tratar sobre a crise na suinocultura brasileira e a importação de milho foi um dos assuntos comentados. No mesmo dia, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também reiterou a importância da liberação, na ocasião da reunião-almoço da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA). “Esse ano, em função da quebra de mais de 20 milhões de toneladas de grãos, complicou essa cadeia e ainda temos muitos problemas pra ajudar a resolver, como exemplo, a falta de renda que esse setor teve nos últimos meses”, afirmou Maggi.
As sementes autorizadas são:
1. Monsanto – liberação Comercial do Milho MON 87427, geneticamente modificado para tolerância ao herbicida glifosato;
2. Syngenta – liberação comercial do milho Evento 3272, com finalidade de produção, manipulação, transporte, transferência, comercialização, importação, exportação, armazenamento, consumo e descarte deste OGM e seus derivados;
3. Monsanto – liberação Comercial do Milho MON 87460, para efeito de seu uso comercial e seus derivados e quaisquer outras atividades relacionadas a esse produto para fins de alimentação humana ou animal.
A informação foi confirmada pela assessoria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Decisão importante
A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) considerou como uma “decisão importante” a liberação da importação das variedades de milho transgênico. Em nota, a entidade informou que
“a medida atende a um dos pleitos da associação, defendido na audiência pública ocorrida no último dia 4, na Câmara dos Deputados, em Brasília”.
Ainda segundo a ABCS, “a liberação do milho era uma das medidas mais aguardadas pelo setor e será um importante aporte para que os suinocultores reduzam seus custos de produção”.
O presidente da associação, Marcelo Lopes, explica ainda que o milho é um dos insumos mais importantes para a suinocultura, pois é responsável por 50% dos custos. “Sabemos que o produtor vem amargando prejuízos desde janeiro, principalmente pelo alto custo do grão, e agora esperamos que com essa medida o produtor possa sair do prejuízo e começar a se estruturar para entrar em 2017 mais animado para voltar a ter lucratividade na atividade”, comentou.
Já o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, acrescentou que a liberação do milho norte-americano “traz um fôlego” para o mercado de suínos brasileiro. “Com certeza a medida deixa nossa suinocultura com uma alimentação mais competitiva e, quem sabe, a médio e longo prazos, consigamos cobrir o custo de produção”, disse.