A CTNBio analisou a documentação sobre o eucalipto H421, fornecida pela empresa da empresa FuturaGene Brasil. O relatório é resultado de oito anos testes a campo com a variedade. O principal benefício buscado pela tecnologia é a redução do ciclo e o maior desenvolvimento vegetal. Na reunião realizada nesta manhã, em Brasília, foram 18 votos a favor e três contra.
Um dos votos contrários à liberação é do pesquisador da Escola Superior de Agricultura (ESalq/USP) Paulo Kageyama. De acordo com o professor, mesmo com o ciclo reduzido de sete para cinco anos, a variedade transgênica irá consumir mais água do solo, podendo agravar a crise hídrica.
– Vai se diminuir o período de produção para o período que consome mais água. E todo mundo sabe que o eucalipto é gastador de água – diz Kageyama.
O pesquisador também aponta riscos à saúde humana e à produção e exportação de mel orgânico, que seria contaminado com o pólen transgênico.
Entre os favoráveis à liberação, está o também professor da ESalq, Hilton Thadeu Couto. Ele explica que pesquisas recentes comprovaram que o comportamento e a atividade de produção das abelhas não se modificaram. E que a proteína NPT2, introduzida no eucalipto geneticamente modificado, se degrada rapidamente no trato intestinal de mamíferos, de acordo com estudos realizados desde a década de 1990, e portanto, não oferece risco à saúde humana. O professor também alerta para a mais recente pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o consumo de água do solo.
– A pesquisa do Inpe divulgada esta semana mostra que o eucalipto aumenta a quantidade de água no solo entre 20% e 30%. Além disso, não se perde a água usada no eucalipto. Ou ela vai para os rios, ou para o ar, onde volta como chuva – argumenta.
No mês passado, a reunião da CTNBio para aprovação do eucalipto gerou manifestações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina. Na ocasião, os manifestantes destruíram mudas de eucaliptos da Suzano, em São Paulo, e impediram a sequência da votação na reunião da Comissão em Brasília. Desta vez, não houve protestos, mas a coordenação do MST se manifestou contrária à decisão através de nota.
– As conseqüências ambientais, sociais e de saúde pública são ignoradas pela CTNBio, pois a maioria dos seus integrantes se coloca a favor dos interesses empresariais – pontuou o movimento, em nota.
Milho e soja resistentes ao 2,4D
Hoje, uma variedade de soja resistente ao herbicida 2,4D foi aprovada. Na reunião passada, os membros da CTNBio também liberaram uma semente de milho da Dow Agrosciences resistente ao 2,4D – substância que está em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Edição de Gisele Neuls