Atraso no plantio de soja no Estado apertou o calendário dos agricultores da região, que estão receosos em perder a janela para cultivo do milho safrinha; muitos produtores cogitam trocar pelo sorgo
Fernanda Farias | Diamantino (MT)
Na região de Diamantino, a 200 km de Cuiabá, a Expedição Soja Brasil entrevistou produtores que estão sem saber o que fazer com a semente de milho já comprada para o cultivo da segunda safra. O atraso causado pela estiagem de outubro na semeadura da soja no Estado foi o motivo. Já tem produtor querendo avançar a janela de plantio do cereal, outros vão trocar de cultura.
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Diamantino foi a última cidade de Mato Grosso que a Equipe 1 da Expedição Soja Brasil passou antes de seguir para Mato Grosso do Sul. Na passagem pelo município, encontramos o agricultor e presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Aparecido Cazzeta, que está preocupado com o atraso no plantio da oleaginosa e a consequente redução da segunda safra de milho. Porém, com a experiência de quem planta há mais de 30 anos, ele afirma que ainda é cedo para pensar em prejuízos.
– Como não pegamos um fenômeno desses há muitos anos, nós não sabemos o que pode acontecer. O produtor está dando um tiro no escuro. Ele está rezando de joelhos para chover e conseguir plantar. Ninguém sabe a consequência, mas agora estamos com a semente no barracão, olhando para o céu para plantar – contextualiza Cazzeta.
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O resultado disso é que a maioria das lavouras por onde a Expedição Soja Brasil passou em Mato Grosso está como a do produtor Altemar Crolling, atrasada e com o desenvolvimento prejudicado.
– Eu acredito que vou ter de 10 a 15% de perda de produtividade. Já deveria estar fechando a carreira – lamenta.
Na propriedade de Amarildo Christofoli, 15 mil hectares são destinados à soja, sendo que nove mil seriam utilizados para o cultivo da segunda safra de milho. Entretanto, com o atraso no plantio, o cultivo do cereal deverá ser reduzido em, pelo menos 10%. O sojicultor pretende avançar na janela de plantio do milho. A preocupação será com a perda de produtividade.
– Agora é aumentar a adubação em cima do que conseguir plantar. E tentar devolver a semente já é prejuízo, melhor apostar no plantio – ressalta Christofoli.
O revendedor de semente Edilson Beia conta que, no mesmo período de 2013, ele já havia vendido 12 mil sacos de semente de milho. Hoje, tem apenas pedidos, e muitos produtores já falam em devolução ou troca.
– Tem uns que querem trocar pelo sorgo. Estamos vendo o que fazer, mas eu acredito que (a demanda do sorgo) vai aumentar em 50% – comenta.
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Acompanhe o trajeto da Equipe 1 da Expedição Soja Brasil: