A diferença na qualidade da uva protegida e da tradicional é visível. As plantas protegidas são cobertas com tela, estão mais altas, mais espaçadas e direcionadas por uma estrutura que lembra uma letra “y”.
? Basicamente é uma mudança de geometria, diminuindo o número de plantas por hectare, essa é a diferença básica. São dois ganhos principais: um é o aumento da produtividade, que pode chegar a 100%, dependendo da técnica aplicada; e o outro é a redução do uso de defensivos ? explica o pesquisador do Intituto Aronômico de Campinas (IAC), José Luiz Hernandes.
Por enquanto, é na uva de mesa que o sistema tem sido mais utilizado, mas também pode ser empregado nas uvas para vinho. É possível, com o uso de um plástico que impede a ação da chuva, alterar o ciclo de desenvolvimento da planta, antecipando colheita, que, do fim do ano, já começa neste fim de semana.
Essa tecnologia tende a ser cada vez mais adotada pelos produtores. O principal empecilho ainda é o custo para instalar uma estrutura desse tipo. Para plantar um hectare da forma tradicional, o produtor investe em média R$ 30 mil reais por hectare. No protegido, pode chegar a R$ 70 mil.
O agricultor Luiz Antônio dos Santos comprou sua propriedade com um sócio em 2004 e planta uva de mesa e de vinho. Ele conheceu o cultivo protegido há alguns anos e não parou mais de ampliar a área com esse sistema. Satisfeito com os resultados até agora, ele espera ampliar a tecnologia em toda a propriedade em até três anos
? O que a gente está procurando é um recurso com os bancos pra que a gente tenha um financiamento e possa fazer a mudança aqui no sítio ? afirma o produtor rural.
Enquanto alternativas para viabilizar o investimento estão sendo estudadas, recomenda-se que o produtor rural continue fazendo implantações graduais.
? Estamos trabalhando junto à secretaria da agricultura de São Paulo no desenvolvimento de uma linha de crédito e de um seguro agrícola específico para a viticultura e para o cultivo protegido de uva no Estado ? aconselhou o pesquisador do IAC.
Segundo ele, as conversas estão em fase inicial. Para produtores como Luiz Antônio seria uma importante solução.