Levantamento realizado no início do mês de dezembro mostra que as culturas do milho e do feijão são as mais afetadas. A soja ainda está sem confirmação de perdas e, no caso do arroz, deve haver redução da área cultivada nesta safra.
No Estado, as lavouras de milho e do feijão estão com entre 40% e 50% nas fases de floração e enchimento de grãos, consideradas críticas quanto à presença de umidade no solo, fator indispensável para se garantir uma boa produtividade. Essa situação trará reflexos na produção total desta safra, uma vez que os danos em termos de diminuição do potencial produtivo podem ser considerados irreversíveis em 50% da área projetada. As lavouras que se encontram em desenvolvimento vegetativo, cerca de 34% do total cultivado, também apresentam problemas na sua evolução, como murchamento das folhas basilares e crescimento deficiente.
Os prejuízos reais só serão conhecidos a partir do início de janeiro, quando os dados da segunda quinzena deste mês serão tabulados no Sistema de Monitoramento das Condições das Culturas. Até lá, os municípios devem encaminhar à Emater informações sobre limites de abastecimento humano e animal de cada município, para que se possa ter a dimensão mais concreta do problema.
O meteorologista do Centro Estadual de Meteorologia (CemetRS) da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Flávio Varone, afirmou que a projeção para os próximos três meses é de chuvas abaixo da média.
Vistorias
A Diretoria da Emater/RS-Ascar encaminhou orientação aos técnicos para priorizarem o atendimento às ocorrências de perdas de lavouras por estiagem, vendavais e granizos. De acordo com o diretor técnico, Gervásio Paulus, a Instituição já recebeu dois mil pedidos de perícia do Proagro.
– Em janeiro, esse número vai aumentar – estima.
A média de atendimento por técnico tem sido de cinco laudos por dia, mas pode ser maior, quando as condições das lavouras e do perito forem favoráveis.
De acordo com o presidente Lino De David, uma força tarefa regional vai qualificar as informações, que serão encaminhadas ao ministro Afonso Florence, do MDA.
– Nos próximos 60 dias, entre 400 e 500 técnicos da Emater vão priorizar a realização de laudos do Proagro, o que pode totalizar, só na cultura do milho, cerca de 30 mil laudos periciais – calcula De David.
A partir deste ano, a realização de laudos periciais apresenta novidades, entre elas, que o manual de crédito não prevê mais laudos coletivos por município nem por região.
– Cada lavoura será vistoriada – anuncia o delegado Regional do MDA, Nilton Pinho De Bem.
Ele explica que a partir deste ano, o agricultor que tiver mais de 60% de perdas pode concordar em colher o restante e abrir mão de futuras e possíveis discussões sobre o agravamento dos efeitos do evento climático, em declaração anexa.
– Neste caso, é feito um laudo único por perícia, quando for possível a comprovação de uma perda já configurada acima de 60%. Assim, após esse tipo de perícia, o agricultor pode imediatamente cortar a lavoura e destinar à alimentação animal – afirmou.