Tais luzes, comuns há alguns anos no Planalto Central, desapareceram quase que totalmente. Plantações de soja tomaram conta dos pastos e eliminaram os cupinzeiros, que ficaram restritos às áreas de preservação do Parque Nacional das Emas, onde são mais raros e estão encobertos pela vegetação. Porém, o mais grave é que a fonte das luzes, larvas de espécies de vaga-lumes, tem desaparecido ao longo dos anos, e tamanho dano se estende até o norte de Tocantins.
A constatação é do professor Vadim Viviani, coordenador do grupo de Bioluminescência e Biofotônica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no campus de Sorocaba, que há mais de 20 anos visita a região do Parque Nacional das Emas, no sudoeste do Estado de Goiás, para estudar os pirilampos.
? Visitamos regularmente a região na década de 1990. Depois, nas recentes expedições de 2008 e 2009, para nossa surpresa não encontramos mais várias espécies de vaga-lumes. De maneira geral, todas as populações desses insetos diminuíram drasticamente na região ? disse.
Há pouco mais de uma década, era possível apreciar os cupinzeiros luminescentes na região do entorno do parque. O fenômeno tem como causa uma relação de mutualismo entre espécies específicas de cupins e de vaga-lumes da espécie Pyrearinus termitilluminans. As luzes são emitidas pelas larvas dos vaga-lumes em túneis na superfície do cupinzeiro.
? É um espetáculo único no mundo, só visto no Planalto Central e em algumas regiões da Amazônia, e possui um grande potencial turístico ? aponta Viviani.
O pesquisador cita exemplos de faunas bioluminescentes que movimentam a indústria do turismo em outras regiões, como a Nova Zelândia, que promove excursões a grutas forradas de larvas que emitem uma luz azulada, ou o Caribe, cujas algas luminosas atraem mergulhadores.
? Os cupinzeiros luminescentes do Brasil são mais conhecidos no exterior. As emissoras BBC, do Reino Unido, e NHK, do Japão, por exemplo, já fizeram especiais sobre o assunto. Por aqui, a Rede Globo chegou a fazer também ? disse Viviani.