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APRENDIZADO

Curso do Senar ensina produtores a evitar acidentes na operação de drones

À medida que o uso dos drones de pulverização na agricultura continua a crescer, é importante seguir regulamentos específicos para evitar possíveis complicações

Com a crescente utilização dos drones de pulverização na agricultura, torna-se crucial a adesão a regulamentos a fim de evitar complicações tanto para os agricultores quanto para a comunidade em geral. Segundo relatórios da Companhia Paranaense de Energia (Copel), no mês de abril foram registrados cinco incidentes envolvendo colisões dessas aeronaves com postes, emaranhamento na fiação elétrica e danos aos cabos de energia.

De acordo com as informações do Senar, os drones de pulverização diferem daqueles usados para registro de imagens e georreferenciamento. Esses aparelhos são robustos e pesados, capazes de transportar cargas de até 50 quilos.

As ocorrências acenderam um alerta entre operadores de drones, agropecuaristas e a própria concessionária de energia. “Quando surgiram estes drones [de pulverização], já imaginávamos que isso poderia acontecer, mas não esse número de casos de abril. Por isso, partimos para uma campanha massiva de orientação”, afirma o coordenador da comissão de drones da Copel Distribuição, Vitor Marzarotto.

Atualmente, está ocorrendo um aumento significativo no número de drones utilizados no meio rural. Segundo informações compartilhadas durante o evento Droneshow em 2022, estima-se que nos próximos cinco anos, entre 25 mil e 50 mil novos drones de pulverização estarão em operação no Brasil, o que representa uma média de 5 mil a 10 mil aeronaves por ano.

Além das preocupações relacionadas a danos materiais e inconveniências causadas pela necessidade de interrupção na rede elétrica para manutenção, há também uma grande preocupação com a segurança dos operadores e da comunidade circundante. Marzarotto ressalta que o uso de drones agrícolas requer mais treinamento e capacitação devido às suas dimensões, em comparação com os equipamentos utilizados para captura de imagens.

“É a mesma coisa que você migrar de uma moto para uma carreta”, compara. Além disso, segundo o especialista, o drone agrícola opera em uma altura entre três e cinco metros acima das lavouras, faixa onde estão os cabos de média tensão (com os cabos telefônicos e de internet um pouco abaixo).

“Como concessionária, estamos nos adaptando a essa realidade e queremos partir desse ponto de recomendação e auxílio para a boa convivência entre linhas de transmissão e drones de pulverização”, observa.

Acidentes com uso de drones

Recentemente, na região dos Campos Gerais, um drone agrícola colidiu e cortou um cabo de energia de um poste, derrubando a aeronave. De acordo com o coordenador da equipe que estava conduzindo o equipamento, que prefere não se identificar, o acidente se deu por conta de imprudência do operador.

“O incidente ocorreu devido à negligência de um operador, que decidiu voar o drone sem manter contato visual, ao invés de transportá-lo manualmente para outra área”, afirmou. “Como foi um fio que já era para dentro da propriedade, foram chamados eletricistas para manutenção. Não foi preciso acionar a Copel”, completa.

Segundo Rafael Andrzejewski, instrutor do curso “Operação de drones” do Senar-PR, esse tipo de situação é mais frequente do que se imagina. “É comum acontecer de bater em fio de luz. O equipamento não consegue enxergar esses fios ou galhos muito finos de árvore. Ele detecta apenas estruturas maciças”, afirma.

Contudo, outro problema é a perda de conexão entre a aeronave e o operador quando o drone chega próximo de torres e cabos de alta tensão. “A influência eletromagnética faz com que o equipamento perca o sinal de GPS e a referência durante o voo”, explica Andrzejewski.

Soluções

A solução para esse tipo de ocorrência é manter distância destas linhas. “Em muitos casos, o erro é a falta de planejamento de voo, deixando de colocar uma área de bordadura de segurança para não chegar perto da rede elétrica. Tem que respeitar uma distância de, pelo menos, três metros, para não ter o perigo de perder comunicação com a aeronave”, orienta o instrutor do SENAR-PR.

Planejamento, aliás, é fundamental em todas as situações que envolvam o uso de drones. “A primeira coisa que o operador deve fazer é o mapa da área, marcando pontos como árvores, postes e outros obstáculos”, ensina Andrzejewski.

“A falha que leva a essas colisões é no planejamento de voo, seja por inexperiência ou descuido. Então, não se deve confiar cegamente nos sensores [do drone]. É importante planejar o voo e conhecer os limites da aeronave, sempre com precaução”, orienta Marzarotto, da Copel.

Apesar de a legislação vigente exigir que os operadores tenham curso de capacitação para operar drones, na prática, muitos operadores desconhecem as noções elementares dessa atividade.

“O mau-uso desses equipamentos por pessoas destreinadas ou sem conhecimento é um problema para o setor. Temos que melhorar a qualificação dos pilotos para evitar ocorrências”, observa Joel Nalon, instrutor do Senar-PR do curso “Operação de drones”.

Dicas para evitar acidentes com drones agrícolas

  • Antes de levantar a aeronave, planeje o voo, com atenção para obstáculos como estruturas, árvores e postes;
  • Verifique se os sensores do drone estão limpos e calibrados;
  • Mantenha uma distância segura, de pelo menos três metros, entre o drone e as torres de transmissão;
  • Mantenha distância mínima de 30 metros de pessoas e edificações; e
  • Procure manter contato visual com o drone agrícola durante a operação.

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