Consideradas uma das maiores pragas agrícolas no mundo, as moscas-das-frutas, da ‘familia’ Tephritidae são popularmente conhecidas pela infestação na polpa de frutas como a goiaba, a manga e a maçã. Órgãos governamentais buscam combater a praga através de técnicas de controle, monitoramento e erradicação além da qualificação dos profissionais que atuam na área de sanidade vegetal em todo mundo.
– As moscas das frutas são insetos-pragas que causam danos diretos nas frutas e grandes perdas de produtividade, além de serem consideradas pragas de importância quarentenária com restrições para exportação de frutos frescos para outros países – explicou Aldo Malavasi, presidente da Biofábrica, na abertura do Curso.
Na introdução do evento foram apresentadas as espécies de moscas das frutas que apresentam restrições para outros países, como a Anastrepha Fraterculus, Anastrepha Obliqua, Anastrepha Grandis, Ceratitis capitata e Bactrocera carambolae.
Segundo Malavasi, na região do Vale do São Francisco, conhecida nacionalmente pelo volume de exportação de frutas estão presentes as espécies Ceratitis capitata, A. Fraterculus e A. Obliqua.
– Considerada a espécie mais agressiva, a Ceratitis capitata foi detectada no Brasil pela primeira vez em 1905. A Moscamed foi inaugurada em 2005 com o objetivo de combater as moscas-das-frutas através do monitoramento e da técnica de esterilização dos machos da espécie, conhecida como Técnica do Inseto Estéril (TIE) para controle da praga – disse Malavasi.
A região do sub médio São Francisco possui uma produção anual de 1,5 milhão de toneladas de frutas e legumes. Parte significativa dessa produção abastece grandes mercados internacionais, a exemplo dos Estados Unidos, Europa e Japão, e representa 95% das exportações nacionais de uva e de manga.
– O trabalho realizado pelos técnicos da Moscamed em parceria com órgãos de defesa vegetal da Bahia e de Pernambuco, e até o ano de 2011 com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), contribuíram para a certificação da exportação de frutas no Vale do São Francisco – destacou Malavasi.
Em 2011, o MAPA encerrou o convênio com a Moscamed e o trabalho de controle através da liberação de machos estéreis de moscas-das-frutas nas propriedades que produzem frutas no Vale do São Francisco foi interrompido.
– Apesar disso, continuamos o trabalho de monitoramento junto a algumas propriedades no Vale do São Francisco e a manutenção da colônia de machos estéreis para pesquisa, desenvolvimento e a prática no Curso Internacional de Moscas-das-Frutas que acontece todos os anos – reforçou Malavasi.
No dia 29 de agosto, os pesquisadores Roberto Zucchi (ESALQ-USP) e Keiko Uarmoto (IB-USP) realizaram o curso de Taxonomia de Mosca-das-Frutas orientando os participantes do curso na identificação das características das espécies de moscas-das-frutas. As distinções são realizadas através da cabeça, tórax e do abdome dos insetos. Essa aula foi ministrada no Núcleo Temático I e Laboratório de Genética da UNIVASF.