MT: Custo de produção da soja sobe 119% em 9 anos

Participação das sementes nos gastos totais cresceu 66% neste período, enquanto os fertilizantes ainda se matém como o principal gasto

Daniel Popov, de São Paulo
Os custos de produção da soja subiram quase 102% nos últimos nove anos, nas principais regiões produtoras da oleaginosa, apontou o estudo “Evolução dos custos de produção de soja no Brasil” realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O estado de Mato Grosso foi o que registrou a maior alta dos custos, de 119%, em Primavera do Leste.

O estudo considerou os oito principais Estados produtores e o uso de variedades convencionais e transgênicas, com isso o gasto médio variável no país, que considera o uso máquinas, mão de obra temporária e permanente, sementes, fertilizantes, defensivos, transporte interno, classificação, armazenagem, transporte externo e seguro, aumentou de R$ 19,88 por saca de 60 quilos em 2007/2008 para R$ 40,10/saca em 2015/2016.

Entre os estados brasileiros o que apresentou a maior elevação dos custos para se produzir a oleaginosa foi Mato Grosso. No município de Primavera do Leste, os valores da soja transgênica saltaram de R$ 23,31, em 2007/2008, para R$ 51,04 na safra terminada em julho deste ano, alta de 119%. Já na convencional a elevação foi ainda maior, algo em torno de 178% no período. Já o Paraná foi o que registrou a menor elevação dos custos de produção. Em Campo Mourão, o valor saltou de R$ 17,58, há nove anos, para R$ 26,87 na safra 2015/2017.

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Para o gerente de custos de produção da Conab Asdrúbal Jacobina os produtores do Paraná demonstram que se organizar seja em cooperativas, associações outro de outras formas é vantajoso para diminuir os custos. “Verificamos que no Mato Grosso e no Oeste da Bahia, quando os produtores se organizam, conseguem comprar maior volume e na época correta, negocia diretamente com as indústrias a aquisição dos insumos com preços menores”, garante ele. “Isso traz uma maior rentabilidade.”

Segundo o levantamento, fertilizantes, agrotóxicos, operações com máquinas, sementes e a depreciação de máquinas e implementos são os itens com maior peso nos custos de produção da soja no Brasil e chegam a representar 68,80% do custo operacional da produção de soja, considerando a média dos últimos nove ciclos. Em 2007/2008, essa participação era de 69,85%, enquanto em 2015/2016, chegou a 74,99%.

Os fertilizantes seguem com a maior participação nos custos, com 28,3%, seguido pelos agrotóxicos com 25,5%. As sementes aparecem na terceira posição com 8,74%, entretanto esse insumo foi o que mais cresceu em participação nos gastos desde 2007/2008, quando representava 5,33%, ou seja, alta de 66% no período. Já os maquinários tiveram a sua participação reduzida, passando de 10,45% para pouco menos de 6,5%.

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Jacobina explica que principalmente a semente transgênica, tanto de soja, quanto de milho e outros produtos, agrega bastante tecnologia e repassada inclusive para o consumidor final e por isso os preços seguem as tendência de preço do grão. “Clar, há o royaltie, mas essa semente acompanha o preço do próprio grão, que subiu muito nos últimos anos. É uma commodity no mercado internacional e no mercado doméstico”, afirma ele.