Estudo mostra que Helicoverpa é resistente a defensivos recomendados pelo Mapa

A resistência registrada pela pesquisa seria um traço dominante na lagarta e poderia evoluir rapidamente em uma população de pragas, gerando falhas de controle

Daniel Popov, de São Paulo
Uma das pragas mais temidas no campo é sem dúvida a Helicoverpa Armigera, devido o alto poder de destruição das lavouras de soja que ela causa. Depois de seu surgimento, em 2013, com perdas econômicas na casa de R$ 2 bilhões, o Ministério da Agricultura (Mapa) lançou uma lista de produtos recomendados para o seu controle, mas um estudo do Programa de Pós-graduação em Entomologia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) mostra que parte deles não funciona.

A tese foi desenvolvida pela engenheira agrônoma, Mariana Durigan, e serve de alerta ao setor da sojicultura brasileira, já que a recomendação veio do principal órgao de agricultura do país. “Entre os produtos recomendados estavam alguns inseticidas pertencentes ao grupo dos piretroides, incluindo misturas. “Foram relatadas falhas no controle de Helicoverpa armigera com esse grupo de inseticidas em diversas regiões produtoras do Brasil”, diz Mariana.

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O objetivo foi caracterizar a suscetibilidade e investigar os mecanismos de resistência dessa espécie a inseticidas que atuam nos canais de sódio, piretroides e oxadiazinas.

Segundo Mariana, a resistência da lagarta Helicoverpa armigera aos piretroides já havia sido reportada em alta frequência nos países de ocorrência dessa praga como Austrália, China, Índia e Paquistão. “Considerando que resistência é um caráter genético e hereditário, nós consideramos a hipótese de que os indivíduos que deram origem às populações dessa lagarta no Brasil já possuíam a resistência aos piretroides, o que explicaria as falhas de controle observadas em campo”, conta.

No caso dos piretroides, a frequência de resistência é altíssima. Segundo a engenheira agrônoma em todos os indivíduos pesquisados observou-se a resistência, que inclusive é um traço dominante. “Nesse caso, a evolução da resistência ocorre de forma mais rápida em uma população de pragas e resulta em falhas de controle no campo”, afirma.

Mariana destaca que o conhecimento e monitoramento da praga no campo é de extrema importância para que o manejo seja feito de forma adequada com base no conceito do (Manejo Integrado de Pragas (MIP). “Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a implementação de um programa de manejo da resistência desta lagarta à inseticidas no Brasil é crucial e urgente, se quisermos garantir a produtividade e sustentabilidade das nossas lavouras além de prolongar a vida útil das moléculas disponíveis no mercado”, alerta a pesquisadora.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura não respondeu até a publicação da notícia. 

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