Custo logístico retarda venda da soja 2013/2014, segundo Abag

Custos subiram em proporções maiores à valorização recente das commoditiesO diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Alexandre Figliolino, afirmou nesta segunda, dia 5, que o custo do escoamento da soja da fazenda até o porto está dificultando a comercialização antecipada da safra 2013/2014, ainda não implantada.

– A comercialização está mais lenta devido a esse custo de logística. Na safra anterior, a logística deu muito prejuízo e agora esse mesmo motivo está amarrando os dias de negócios – disse durante o 12º Congresso Brasileiro de Agronegócios, que acontece em São Paulo.

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>> Competitividade passa por ampliação do escoamento da safra

Para ele, as commodities agrícolas entram em um ciclo de baixa de preços e isso será um limitador para a produção.

– Se vai durar dois, três anos não sei. Mas esse movimento vai limitar a expansão de produção. Ao mesmo tempo, o ambiente competitivo vai ficar mais duro, pois vamos voltar a viver um cenário de competitividade com os Estados Unidos, principalmente em grãos – ressaltou.

O presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, destacou que os custos subiram em proporções maiores à valorização recente das commodities.

– E nesse contexto as margens ficaram limitadas. Se já estamos em um ciclo de baixa de preços e ainda com custos maiores por causa da logística, vamos ver menos rentabilidade ao produtor – declarou.

Investimento

Os projetos de expansão da infraestrutura devem vir acompanhados de investimentos em armazenagem, mas o custo para estocagem ainda é muito alto no país, afirmou o ex-secretário da Fazenda de São Paulo e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), Yoshiaki Nakano, durante o Congresso.

– Temos de regularizar o fluxo dos estoques e um programa de investimento em armazenagem alivia esse problema – disse Nakano.

Segundo o presidente do Conselho Empresarial América Latina (Ceal), Ingo Plöger, o Brasil mantém apenas 15% da produção agrícola nas fazendas, enquanto os Estados Unidos deixam 60% dela estocados e o Canadá, 80%.

– O produtor americano tem uma gestão maior sobre os estoques e pode arbitrar os preços.

Plöger citou, ainda, a importância de integração dos investimentos em logística na América Latina.

– Precisamos olhar para América do Sul dentro de um conjunto maior. Se tivéssemos eclusas em Itaipu, não estaríamos escoando a safra paraguaia por Paranaguá – enfatizou.

Câmbio compensa, mas logística ainda pesa

O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, afirmou, durante o mesmo evento, que a valorização do dólar está compensando parcialmente a queda dos preços das commodities, mas ainda não é suficiente para anular o impacto dos custos com logística.

– Essa conta ainda é negativa para soja e o milho – ressaltou. Segundo ele, a apreciação da moeda norte-americana encoraja os embarques, mas penaliza o agricultor que não exporta.

– O dólar mais forte também encarece os insumos – alerta Pessôa.

O presidente da Abag acrescentou que os ganhos de produtividade devem minimizar o aperto das margens de lucro.

– O setor privado convive com a volatilidade das commodities há muito tempo. É o ganho de produtividade que vai nos permitir superar isso – disse.

Carvalho considera que os investimentos em infraestrutura logística dificilmente serão sentidos em 2014.

– Continuaremos sofrendo no ano que vem, assim como estamos em 2013. O que precisamos é utilizar da melhor forma possível os recursos disponíveis – afirmou o presidente da Abag.

Agência Estado