A nova previsão é inferior à feita pela União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica), que espera uma safra 2012/2013 de 509 milhões de toneladas. Os números do ciclo atual serão muito semelhantes aos da safra anterior, de acordo com o presidente da Datagro, o economista Plínio Nastari.
O montante projetado é apenas 1,27% superior as 492,85 milhões de toneladas processadas na safra 2011/2012, um indicativo de que as usinas não estão conseguindo recompor seus canaviais como se esperava. A primeira estimativa da Datagro, divulgada em março de 2012, apontava uma produção de 518,3 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul.
Segundo Nastari, o recuo de quase 20 milhões de toneladas foi provocado pela estiagem severa registrada no início de 2012.
– A falta de chuvas entre janeiro e março afetou o desenvolvimento do canavial -, disse. Ele questionou a necessidade de um novo ciclo de expansão na indústria canavieira do Brasil.
Nastari prevê uma safra no Norte-Nordeste de 65 milhões de toneladas (queda de 4,7% ante 68,22 milhões de toneladas no ano passado). No total do Brasil, a produção deve atingir 564 milhões de toneladas em 2012/2013, com um crescimento residual de 0,5% ante as 561,1 milhões de toneladas verificadas em 2011/2012.
Açúcar
No Centro-Sul, a produção de açúcar deve atingir 32,7 milhões de toneladas. O volume é 4,87% superior à produção de 2011/2012, que ficou em 31,18 milhões de toneladas. O total também é inferior à primeira estimativa, que foi de 33,88 milhões de toneladas.
No Norte/Nordeste, a produção estimada para 2012/2013 foi de 4,85 milhões de toneladas, praticamente estável em relação ao ano anterior. Para o Brasil, a produção de açúcar estimada é de 37,56 milhões de toneladas, 4,21% acima dos 36,04 milhões de toneladas registrados em 2011/12.
Etanol
– A produção de etanol deve ficar praticamente estagnada no Brasil em 2012/2013 em função da falta de incentivos – afirmou Nastari.
A estimativa é de uma produção de 22,89 bilhões de litros no Brasil, alta de apenas 0,8% em relação aos 22,7 bilhões de litros registrados em 2011/2012.
Para Nastari, o preço deve ficar nos mesmos níveis do ano passado, apesar de as cotações do açúcar estarem mais baixas.
– Contamos com uma correção no preço da gasolina no Brasil simplesmente porque existe uma defasagem de 25% hoje entre o preço doméstico e mundial. Acreditamos que nos próximos 60 a 90 dias teremos reajuste de cerca de 10% – explicou.
Segundo Nastari, essa defasagem leva em conta a desvalorização do real ante o dólar, cotado nesta semana, em média, a R$ 2,00, e os preços mais baixos do petróleo, em cerca de US$ 94 o barril nesta semana.
O Centro-Sul deve ser responsável pela produção de 20,93 bilhões de litros em 2012/2013, ligeiramente superior aos 20,59 bilhões de litros registrados na safra anterior. O Norte/Nordeste deve produzir 1,96 bilhão de litros ante 2,11 bilhões de litros em 2011/12.
O consultor ressaltou que as estimativas foram feitas considerando a manutenção da mistura de anidro na gasolina em 20%.
Segundo Nastari, as exportações brasileiras de etanol devem ficar em 1,49 bilhão de litros em 2012/2013, um volume menor que os 1,64 bilhão de litros exportados na safra anterior. A queda na exportação é decorrente na menor oferta do produto.
As importações também vão cair. O Brasil deverá importar, em 2012/2013, 970 milhões de litros de etanol ante cerca de 1,5 bilhão de litros no ano anterior. Nastari ressaltou que a queda nas importações se dará em função do crescimento da utilização de gasolina em todo o país.