A consultoria prevê também que menos cana será alocada para a fabricação de açúcar. No ciclo 2013/2014, 48,5% de matéria-prima deve ser usadas para a produção de açúcar ante 50,1% na temporada passada.
Segundo a estimativa, a produção de etanol hidratado (utilizado diretamente nos tanques de combustível dos veículos automotores) deve somar 14,06 bilhões de litros na safra 2013/2014, em fase inicial de colheita da cana-de-açúcar. Já o volume de etanol anidro (usado como aditivo em combustíveis) deve ser de 12,33 bilhões de litros.
A produção total de etanol em 2013/2014 deve alcançar 26,4 bilhões de litros, o que representa aumento de 13,3% em comparação com o período anterior (23,3 bilhões de litros).
Capacidade das usinas deve ser de 97,5% em 2013/2014
A Datagro estimou também que as usinas do Centro-Sul do Brasil irão operar na safra 2013/14, em fase inicial de colheita da cana-de-açúcar, com 97,5% da capacidade de operação em virtude da falta de investimentos no setor nos últimos anos.
– Devemos ter um incremento líquido de três milhões de toneladas de cana nesta capacidade, para algo em torno de 602 milhões de toneladas – afirmou o presidente da consultoria, Plinio Nastari.
Em 2012/2013, a capacidade em operação no Centro-Sul foi de 598,8 milhões de toneladas. A região, segundo a Datagro, deve moer 587 milhões de toneladas de cana no ciclo 2013/2014.
Expansão do etanol trará mais concorrentes ao Brasil
O presidente da Datagro, Plínio Nastari, avalia que o Brasil terá fortes concorrentes no mercado de etanol ao longo dos próximos anos, em especial a União Europeia. Segundo ele, trata-se de um setor em franca expansão e deve atrair cada vez mais participantes.
Atualmente, a produção global gira em torno de 90 bilhões de litros. Dados da consultoria mostram que, em 2012, os Estados Unidos produziram 48 bilhões de litros de etanol, enquanto o Brasil e a União Europeia, 24,3 bilhões e 5,8 bilhões de litros, respectivamente.
Entre os motivos apontados para a expansão está a “independência energética dos Estados Unidos”, em relação aos combustíveis fósseis. Nastari refere-se ao Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS, na sigla em inglês), que estipula o aumento gradativo do uso de biocombustíveis naquele país.
Produção de cana é afetada por gargalo na cogeração de energia
O gargalo da cogeração de energia também foi apontado pelo presidente da Datagro como uma das principais causas para os poucos investimentos em expansão da capacidade de produção de cana-de-açúcar.
– Sem cogeração fica difícil expandir só com greenfield (novos projetos) – comentou, referindo-se à criação de novas usinas.
Cogeração é o processo pelo qual o calor produzido na geração elétrica é usado no processo produtivo sob forma de vapor. No caso da cana, é utilizada a palha da cana para produção de energia.
De acordo com Nastari, só na Região Sudeste o potencial de energia é de 19,8 mil MW. No entanto, trata-se de algo subaproveitado. Ele prevê que, em 2015, apenas 9.537 MW da capacidade instalada serão gerados a partir da cogeração em todo o Brasil.